França: Uma vitória é possível contra Macron, sua reforma e o 49.3!
Declaração do Comitê Executivo do NPA francês sobre a luta contra a reforma da previdência no país.
Via NPA
Ontem (dia 16) ficou evidente para o governo que frente a dimensão histórica mobilização, porte dos deputados da sua base de apoio ou cooptados iam “amarelar” e não votar com o governo. Não tinha então para Macro e a primeira-ministra Bourne outra alternativa do que lançar mão do dispositivo 49.3 da constituição que permite ao governo de dispensar o voto da Assembleia e impor sua medida na marra. Este anuncia foi seguido de manifestações convocadas pelas redes sociais nas principais cidades de França, que foram, por exemple em Paris, violentamente reprimidas pela polícia. Reproduzimos e seguir a posicionamento do Comitê executivo do NPA.
O governo ter recorrido ao recurso do 49-3 pelo governo é um escândalo democrático. Mostra a fraqueza da base social do poder e o seu rumo autoritário. Sob a pressão do movimento, apesar de um acordo com a liderança do LR (Os Republicanos, direita), os deputados não se atreveram a votar a reforma. Isto reforça a ilegitimidade do governo e incita as direções do movimento integradas nas instituições a se manterem dentro da mobilização, e os caso em primeiro lugar da CFDT. Mostra o carácter particularmente antidemocrático das instituições da Quinta República, que permitem a um governo minoritário aprovar uma reforma. De certa forma, esta é uma boa notícia para o movimento.
As mobilizações que tiveram lugar nos quatro cantos do país na noite de quinta-feira testemunham a raiva perante o escândalo democrático em curso, e a repressão que foi desencadeada, contra as manifestações, mas também contra militantes sindicais especificamente visados, como os do sector energético, do endurecimento do poder. Macron é ultraminoritário, a sua reforma também, e as primeiras sondagens de opinião pós 49.3 indicam a rejeição maciça desta passagem pela força e a profundidade do protesto, que não enfraquece. Com a continuação da mobilização, é provável que o governo venha a acentuar a repressão. Isto exigirá solidariedade e uma resposta unitária, à altura da provocação.
No entanto, nada é ganho. As moções de censura serão rejeitadas, o equilíbrio de poder permanece incerto. O movimento deve dar um passo em frente para vencer, já não podemos contentar-nos com greves intermitentes. A data de quinta dia 23 anunciada pela união intersindical é muito longínqua. Temos que utilizar este prazo para construir a greve onde ainda não existe, apoiando-nos nos sectores mobilizados. Mas precisamos de acelerar o ritmo, de modo a não desmoralizar e a não deixar isolados os sectores mais avançados.
Para nós, uma vitória depende de uma combinação de diferentes factores:
– O reforço das greves renováveis, em particular nos serviços públicos e nas empresas estatais. No sector privado, é necessário ampliar a mobilização para diminuir a produção e exercer pressão sobre os empregadores em paralelo com a sua representação política. As greves recondutíveis têm contribuído grandemente para desestabilizar o governo. Temos de fazer tudo para as alargar, para fazer desta luta uma mobilização de todos os dias, o movimento tem de estar nos noticiários todos os dias. O nosso objetivo é uma greve geral.
– A manutenção de manifestações de massas que mostrem a profundidade do movimento, a sua legitimidade. O apelo às mobilizações em todo o lado, que visam diretamente o poder político, como o movimento dos Coletes Amarelos fez. Com os Coletos Amarelos e as equipas sindicais, o movimento deve ter como objetivo bloquear o país. Precisamos de uma manifestação nacional em Paris para desafiar política e maciçamente a reforma e o poder.
– A resposta ao escândalo democrático em curso. O governo e Macron devem sair, mas devemos evitar uma emboscada e uma vitória da extrema-direita. Trata-se de impor uma política que parte das necessidades dos trabalhadores, dos jovens e dos aposentados e que depende das suas mobilizações para os impor, um governo tão fiel aos interesses dos trabalhadores como o de Macron é fiel aos dos empregadores. É da responsabilidade de todas as organizações da esquerda sindical, política e associativa discutir todos estes pontos. Propomo-nos reunir o mais rapidamente possível.
Além disso, e mais do que nunca, é necessária uma alternativa política em torno de um projeto de ruptura com as políticas capitalistas, uma ruptura para uma sociedade ecossocialista.
Uma vitória contra Macron e as suas reformas é possível. Temos de nos dar todos os meios para a alcançar.
Comitê Executivo do NPA