Movimento Pretas e Bancada do PSOL tomam posse na Alesp com ato popular
Mandatos de esquerda foram oficializados em cerimônia realizada ontem (15), em São Paulo
Na última quarta-feira (15), ocorreu em São Paulo a posse das deputadas e deputados eleitos para a 20ª legislatura na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Realizada quase dois meses após o início dos trabalhos no Congresso Nacional, a solenidade foi bem diferente das anteriores. O ambiente cinza, com representantes predominantemente brancos e obras de arte com referências aos bandeirantes, foi ofuscado pelas cores, pelas bandeiras, pelas palavras de ordem e pelo perfil da bancada do PSOL, que chegou até o Palácio 9 de Julho em ato com os movimentos sociais.
A bancada do PSOL terá cinco representantes das 94 vagas da Alesp, sendo a quinta maior dentre os partidos. O Movimento Pretas é um dos mandatos que se reelegeram, já que Monica Seixas, que encabeça o coletivo de sete mulheres negras, conquistou sua histórica reeleição. Em 188 anos de Legislativo paulista, foi a terceira mulher negra a se reeleger.
Junto com Monica, vem Ana Laura, coordenadora da Rede Emancipa; Rose Soares, educadora e integrante do coletivo Juntas por Barueri; Najara Costa, intelectual e uma das figuras políticas mais influentes de Taboão da Serra; Poliana, coordenadora do Sindicato Estadual dos Professores (APEOESP); Letícia Chagas, do Movimento Juntos e primeira presidenta negra do mais antigo Centro Acadêmico do Brasil; e Karina Correia, liderança periférica de Osasco.
Durante o ato político em que o próprio povo, representado pelos movimentos sociais, empossou as deputadas, Letícia Chagas fez um discurso ressaltou a importância dos movimentos na atuação do novo mandato e lembrou da execução política sofrida em 2018 por Marielle Franco (PSOL-RJ), em referência ao incômodo que as mulheres negras causam nesses espaços de poder.
“Nós não seremos interrompidas. Se ontem nós choramos os cinco anos da morte de Marielle, hoje nós estamos aqui para dar o recado de que nós honraremos Marielle, travando luta dentro e fora do parlamento. Mataram uma de nós e hoje seremos dezenas entrando na Alesp”, afirmou Letícia.
Lutas parlamentares
As prioridades do mandato Movimento das Pretas estão relacionadas ao combate às desigualdades, que atingem principalmente o povo preto e periférico. Ter mulheres negras à frente dessa construção é uma maneira de o coletivo estar alinhado à realidade das periferias brasileiras, na qual grande parte das famílias é chefiada por mulheres. Najara Costa destacou a importância de temas como transporte e saúde pública, por serem demandas urgentes da população pobre
“Nós estaremos aqui na ALESP fiscalizando e formulando políticas públicas para o povo preto e periférico”, declarou.
Além do Movimento Pretas, também compõe a bancada do PSOL a Bancada Feminista, outro mandato coletivo de mulheres negra; Guilherme Cortez, liderança jovem LGBTQIA+ e ambientalista; Ediane Maria, liderança sem teto e a primeira empregada doméstica a assumir uma vaga na ALESP; e Carlos Gianazzi, em seu quarto mandato como um representante da educação pública.
Na primeira sessão que abriu a legislatura, o PSOL foi o único partido a apresentar contraponto ao candidato do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) à presidência da Casa. O deputado André do Prado (PL) foi eleito presidente da mesa diretora com 89 votos. Os cinco do PSOL foram para Carlos Gianazzi.
O governador Tarcísio esteve presente na posse, e a bancada do PSOL não poupou críticas à sua gestão, que já começou com forte teor privatista. Monica Seixas, ao fazer o juramento de posse, prometeu fazer oposição ao projeto de privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), empresa pública de capital misto, que está na mira do governo para ser entregue à iniciativa privada.