Volta de Bolsonaro dá combustível para movimentações da extrema direita
Parlamentares apresentaram pedido de impeachment de Lula e receberam elogios do ex-presidente
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Prestes a completar 100 dias, o governo Lula parecia já ter tido uma amostra grátis das dificuldades que enfrentará nos próximos quatro anos. Apesar de ter se aliado à burguesia e entregado cargos à direita em prol de apoio popular e político, tropeça no fisiologismo para obter maioria no Congresso e mesmo batalhar internas do PT interferem na concretização de políticas.
Para azedar ainda mais o primeiro semestre do novo governo, o ex-presidente Jair Bolsonaro voltou nesta quinta (30/03) de seu “exílio” auto imposto nos Estados Unidos. Apesar de a secretaria de Segurança do Distrito Federal ter frustrado os planos de uma chegada apoteótica em Brasília – ao proibir seu desembarque na saída pessoal do Aeroporto Juscelino Kubitschek e ao fechar o acesso à Praça dos Três Poderes -, o retorno do ex-militar dá fôlego aos parlamentares fascistas que lhe concedem vassalagem.
Prova disso é que, na quarta-feira, um grupo de 33 deputados apresentou um pedido de impeachment contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sob acusação de crimes de responsabilidade. Segundo o documento, o presidente ameaça à autoridade do Legislativo (por afirmar querer “fo***” com o então juiz da Lava Jato Sergio Moro enquanto esteve preso); atacar as instituições de combate à corrupção (por sugerir que o suposto plano do PCC para matar Moro seja “armação” do senador); e ingovernabilidade (por crer que a postura de Lula causa “instabilidade” ao país).
A despeito do que tenha dito Lula e do fato de essas acusações não pararem em pé, elas dão um importante indicativo do tipo de chicana que deputados e senadores de extrema direita irão se esbaldar na intenção de azucrinar o governo. O pedido de impeachment é assinado por nomes célebres de nosso parlamento por sua venalidade, truculência e desinteresse com as motivações populares, como Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL), Bibo Nunes (PL), Bia Kicis (PL), Carlos Jordy (PL), e Deltan Dallagnol (Podemos), Marcel Van Hattem (Novo), Zé Trovão (PL), Maurício Marcon (Podemos) e Nikolas Ferreira (PL), para citar apenas alguns.
A volta de Bolsonaro
Apesar de a Polícia Militar e o Detran do Distrito Federal terem promovido blitze e reduzido o acesso ao aeroporto de Brasília para impedir manifestação de apoiadores de Bolsonaro no local, uma hora antes do desembarque, a região estava congestionada. Às 6h15, um trajeto normalmente percorrido em 20 minutos, demorava o dobro do tempo para ser completado, dado o congestionamento de veículos.
Ao UOL, passageiros com voo marcado relataram ter saído de casa com antecedência e mesmo assim chegaram atrasados, perdendo a viagem. Eles reclamaram das centenas de pessoas que se amontoaram no saguão para recepcionar Bolsonaro – e que nem chegaram a vê-lo, uma vez que ele deixou o terminal por um acesso reservado e foi para a sede do PL encontrar com correligionários.
A deputada federal Bia Kicis transmitiu à imprensa parte de um discurso feito pelo ex-presidente durante o evento. Um dos trechos dava reforço positivo aos deputados que fazem parte de sua base.
“O Parlamento está nos orgulhando pelas medidas, pela forma de se comportar, de agir lá dentro, fazendo realmente o que tem que ser feito e mostrando para esse pessoal que, por ora, por pouco tempo, está no poder, eles não vão fazer o que bem querem com o futuro da nossa nação”, teria dito Bolsonaro.
Vem chumbo grosso aí. Resta ao povo resistir.