A violência institucionalizada nas escolas é um problema da sociedade de classes
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A violência institucionalizada nas escolas é um problema da sociedade de classes

O crescimento dos episódios de ataques violentos nas escolas deve ser respondido com políticas públicas que respeitem estudantes e profissionais de educação.

Edmilson Costa 10 abr 2023, 09:35

Foto: Divulgação / PMCG

A escola é um um organismo vivo, e como tal, é um reflexo da sociedade, que apresenta uma série de problemas, cujos os quais influenciam diretamente na dinâmica econômica, social e cultural de um país. No último período, a sociedade brasileira tem convivido com o fantasma da violência dentro das escolas, e essa denominação é uma variante da violência institucionalizada que se estabeleceu no Brasil há décadas.

O que ocorre hoje nas escolas é fruto da cultura e do caldo do ódio que se espalhou por todo o país nos últimos anos. Num período recente, vimos figuras públicas, como membros de igrejas, parlamentares, prefeitos, governadores e até mesmo um presidente da república, fazerem gestos de armas de fogo com as mãos, divulgarem fotos, vídeos com as próprias armas em punho. O próprio presidente da República, postou fotos com crianças diversas vezes, e nessas postagens, ele ensinava as crianças a usarem as mãos como se tivessem com uma arma em punho. Essa atitude perversa tem contribuído ainda mais com a violência que se espalhou por todos os cantos.

Como se isso não bastasse, essas figuras de extrema direita, movidas por uma ideologia do ódio, fazem campanhas em redes sociais, divulgam centenas de fakes news sobre política de ideologias de gênero, mamadeira de piroca, professor comunista, cartilha gay, e etc, etc. Esse tipo de violência, que é praticada dentro e fora das escolas, tem um viés do próprio sistema capitalista em vigor e que lamentavelmente, tem passado em branco, aos olhos da justiça, e Isso não só incentivou como aumentou de forma exorbitante a violência nas escolas.

Pesquisa feita pela Associação dos Professores do Estado de São Paulo aponta uma escalada da violência nas unidades de ensino. Em 2019, mais da metade dos professores (54%) disseram já ter sofrido algum tipo de agressão. Entre os estudantes, em 2019, 81% relataram saber de episódios de violência na própria escola. Outro tipo de violência muito comum no Brasil, contra os profissionais da educação, é a violência estatal, que por meio da repressão policial, estudantes e educadores são vítimas de bombas de gás lacrimogêneo, spray de pimenta, balas de borrachas, cassetete e prisão para reprimir os que lutam por uma educação pública de qualidade, e contra as políticas neoliberais impostas na educação.

A violência praticada dentro de escolas brasileiras se torna uma preocupação cada vez maior. Porém, diante dos últimos fatos, podemos concluir que o aumento do número de armas nas mãos de civis pode ter contribuído de forma tácita para os índices alarmantes de violência com vítima fatal dentro das escolas.

Os últimos episódios de violência nas escolas demonstraram a falta de estrutura e de um verdadeiro abandono das escolas pelas três esferas de poderes: municipais, estaduais e federais ao longo dos anos.
As famílias e parte da sociedade, não vendo solução por parte dos governantes, acreditam que colocando a polícia nas escolas, vai resolver essa questão. Todos sabemos que a polícia na escola, não impede a violência, Inclusive, uma das escolas atacada no ano passado no Ceará, que vitimou alguns estudantes, era uma escola cívico militar, e nem por isso se evitou a tragédia. Por tanto, somos totalmente contra a polícia na escola.

Nesse sentido, nós do agrupamento sindical Trabalhadoras e Trabalhadores na Luta Socialista -TLS, acreditamos que para diminuir e acabar com a cultura da violência nas escolas, se faz necessário um conjunto de medidas, concatenadas por meio de políticas públicas, que devem ser implantadas imediatamente nas redes públicas de educação, para que possamos restabelecer a paz e a harmonia dentro das escolas e nossas crianças, funcionários e professores continuem trabalhando, ensinado e aprendendo num ambiente tranquilo e seguro.

Propomos

  • Reforma na estrutura de todos os prédios das unidades escolares, que parecem verdadeiras masmorras;
  • Campanha de valorização dos profissionais de educação;
  • As escolas não precisam de polícia;
  • As escolas precisam de segurança;
  • A polícia na escola, como segurança em si, é uma violência; As escolas precisam de políticas públicas;
  • Precisam de mais funcionários;
  • Precisam de psicólogos;
  • Precisam de assistentes sociais;
  • Precisam de bibliotecas;
  • Precisam de merenda escolar de qualidade;
  • Na era da tecnologia, as escolas precisan de detectores de mentais;
  • Precisam reduzir o número de alunos para no máximo 25 alunos por sala de aula;
  • Precisam de aulas de filosofia, sociologia, história, geografia, arte, química, física que foram retiradas com ” novo ensino médio”;
  • Os estudantes do ensino médio precisam receber uma bolsa de estudo, durante os 3 anos de ensino médio, com valor de 30% e até 50% do valor de um salário mínimo; ( bolsa de incentivo) para cada estudante, pondo um fim na evasão escolar;
  • Os estudantes precisam ter garantia de sair do ensino médio e entrar na universidade;
  • Os estudantes precisam ter a garantia, que ao terminar o ensino médio, seu primeiro emprego está garantido;
  • Os governantes precisam respeitar os profissionais da educação, com dignidade, valorização e respeito;
  • As Atividades Pedagógicas Diversificadas- ( APD) tem ser cumprida em local de livre escolha;
  • Os estudantes, os profissionais da educação e a sociedade como um todo, exigem a revogação da reforma do “novo ensino médio” e da BNCC.


Ademais, o resto é falácia de pessoas que não conhecem a realidade das escolas públicas e,por isso, propõe resolver os casos de violência com mais violência. As escolas de hoje parecem verdadeiras masmorras, nesse sentido somente com um conjunto de ações voltadas para políticas públicas poderá melhorar as condições precárias de trabalho, melhorar as relações entre alunos, professores e comunidade escolar e dessa forma amainar a cultura da violência nas escolas, propiciando um gigantesco processo de ensino e aprendizagem com qualidade e trazendo a comunidade para dentro das escolas.

Chega de violência nas escolas!

Edmilson Costa Santos, é professor de história há mais de 20 anos, é militante dos movimentos sociais, é conselheiro estadual da APEOESP, é dirigente, estadual da TLS e do MES.


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