Ricardo Salles é cotado para a relatoria da CPI do MST
jfcrz_edit_abr_2711198585

Ricardo Salles é cotado para a relatoria da CPI do MST

Bolsonaristas devem estar à frente da comissão que pretende criminalizar luta pela reforma agrária e servir como cortina de fumaça à CPMI do 8 dos Atos Golpistas

Tatiana Py Dutra 27 abr 2023, 17:29

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Na esteira da esperada criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos Golpistas, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), leu na noite de quarta-feira (26) o requerimento para a criação da CPI que busca investigar a atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Outras duas comissões foram instaladas – a do rombo nas lojas Americanas e a da manipulação de resultados em partidas de futebol. Porém, é a do MST – a quinta instalada em 18 anos – que tem gerado maiores reações. Para a deputada federal Fernanda Melchionna, sua instalação é mais uma tentativa de criminalizar o movimento “para fomentar a narrativa da extrema direita, de perseguir quem luta pela reforma agrária”.

“Um dos casos mais absurdos da história recente desse país é a aliança entre a extrema direita e a bancada ruralista para criminalizar, atacar, desrespeitar um dos mais importantes movimentos sociais do Brasil”, afirmou a parlamentar, no plenário. 

Fernanda ainda qualificou como “ridículo” o teor do requerimento de abertura, que propõe uma CPI para questionar o verdadeiro propósito do MST, buscar financiadores e verificar o estado das propriedades que já foram invadidas.

“[A justificativa do] requerimento de abertura, essa peça patética, é estudar o real propósito do movimento social. Falta livro de história e conhecimento da luta social no Brasil de décadas, anterior ao MST, com Julião e as ligas camponesas; e depois a importantíssima contribuição do movimento, que tem pautado a necessidade de reforma agrária em um dos países mais desiguais do mundo no acesso à terra”, argumentou.

Disparate ainda maior é a possibilidade de o colegiado ser presidido pelo deputado Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), autor do requerimento de abertura da CPI. E piora: o ex-ministro do Meio Ambiente de Jair Bolsonaro Ricardo Salles (PL-SP) é nome apoiado pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) para assumir a relatoria da comissão.. 

Para Fernanda Melchionna, a concentração de esforços da extrema direita em implantar uma CPI para questionar o MST é uma cortina de fumaça para a CPMI dos atos golpistas, que deve implicar nomes de peso do antigo governo federal, além de empresários e ruralistas graúdos que incentivaram e financiaram a destruição de 8 de janeiro de 2023, entre outras ilicitudes contra a democracia.

“Na verdade, eles têm medo que a gente investigue os verdadeiros crimes, que são contra as liberdades democráticas, promovidos por esses delinquentes. Nós vamos fazer toda a luta necessária para desmascarar essa tentativa absurda de criminalização dos movimentos e vamos estar na linha de frente, junto com os movimentos sociais populares para que não haja anistia e para que os crimes do Bolsonaro e seus delinquentes sejam punidos”, asseverou.

Ministro é contra

Este mês, o MST realizou nova edição do Abril Vermelho, uma jornada nacional pela reforma agrária que incluiu a invasão de nove propriedades improdutivas e mobilizações pela mudança de superintendentes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Ainda que as ações tenham tido menor porte do que em governos anteriores, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou o movimento, temendo desgaste da relação com o setor do agronegócio.

Porém, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, disse nesta quinta-feira (27) que a criação da CPI vai “alimentar luta política” desnecessariamente..

“Vai investigar o quê? Vai investigar ocupações que não existem mais, famílias que já não estão naquelas terras?”, questionou. “Eu não vejo razão senão alimentar luta política, ideológica e que não serve a ninguém, não move o país e não resulta em algo positivo para o país. Eu acho que o Congresso Nacional tem matérias mais importantes para se debruçar”, completou o ministro.


TV Movimento

Balanço e perspectivas da esquerda após as eleições de 2024

A Fundação Lauro Campos e Marielle Franco debate o balanço e as perspectivas da esquerda após as eleições municipais, com a presidente da FLCMF, Luciana Genro, o professor de Filosofia da USP, Vladimir Safatle, e o professor de Relações Internacionais da UFABC, Gilberto Maringoni

O Impasse Venezuelano

Debate realizado pela Revista Movimento sobre a situação política atual da Venezuela e os desafios enfrentados para a esquerda socialista, com o Luís Bonilla-Molina, militante da IV Internacional, e Pedro Eusse, dirigente do Partido Comunista da Venezuela

Emergência Climática e as lições do Rio Grande do Sul

Assista à nova aula do canal "Crítica Marxista", uma iniciativa de formação política da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, em parceria com a Revista Movimento, com Michael Löwy, sociólogo e um dos formuladores do conceito de "ecossocialismo", e Roberto Robaina, vereador de Porto Alegre e fundador do PSOL.
Editorial
Israel Dutra e Roberto Robaina | 19 nov 2024

Prisão para Braga Netto e Bolsonaro! É urgente responder às provocações golpistas

As recentes revelações e prisões de bolsonaristas exigem uma reação unificada imediata contra o golpismo
Prisão para Braga Netto e Bolsonaro! É urgente responder às provocações golpistas
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 54
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional

Autores

Pedro Micussi