A experiência da greve de Metroviários do RS
O dia de greve dos metroviários do Rio Grande do Sul em 8 de maio foi a primeira etapa de um importante processo de luta da categoria
Os trabalhadores(as) Metroviários(as) realizaram por 24 horas uma paralisação no dia 08 de maio. A greve foi construída de forma democrática, com assembleias sistemáticas e com uma pauta econômica e política. Os motivos da greve: 1) Retirada da TRENSURB do PND (Plano Nacional de Desestatização); 2) Descumprimento do Acordo Coletivo com a retirada do adicional de 20% de risco de vida dos seguranças; 3) Renovação da Acordo Coletivo.
O SINDIMETRÔ vem construindo um processo de mobilização em torno da luta contra a privatização desde o Congresso realizado em março. Nele se propôs construir uma frente de diferentes partidos e movimentos para defender uma TRENSURB pública.
No congresso se considerava que com a eleição do Lula a situação se tornaria mais favorável aos trabalhadores, pois se derrotava o projeto privatizações de Bolsonaro. A privatização no governo Bolsonaro seria impossível reverter, mas com a pandemia se ganhou um tempo e não se cumpriu os prazos para encaminhar os aspectos legais e o leilão.
Por sua vez, com o governo Lula, se torna possível impedir a privatização. Porém, a eleição do Lula não foi suficiente para paralisar o processo de desmonte e o processo de privatização, ainda que o próprio tenha repetido inúmeras vezes que não irá privatizar mais nada. Portanto, é necessário mobilização para retirar do PND e a construção de uma unidade com diferentes setores.
O Sindicato suspeitou que havia algo de errado, pois não se anunciou a retirada da empresa do PND. A suspeita se transformou em realidade, pois a burguesia gaúcha através da Zero Hora em entrevista com o secretário estadual de Parcerias e Conceções Pedro Capeluppi diz que está em discussão com o governo federal, e que ambos os lados tem interesse em avançar na privatização. Essas informações frustram as expectativas dos trabalhadores, ao mesmo tempo geram indignação.
Também, há uma inoperância por parte do governo federal, que ainda mantém uma administração bolsonarista na TRENSURB. Esses gestores alinhados com o projeto de sucateamento e redução de direitos encaminham uma retirada do adicional de 20% do risco de vida dos seguranças. Esta situação demonstrara a política de precarização das relações de trabalho e a desestruturação e sucateamento da TRENSURB, na preparação da privatização.
Os trabalhadores sentem que a retirada do adicional de risco de vida é parte do plano de entrega para iniciativa privada, e que outros setores da categoria, também, poderiam perder seus direitos, a exemplo da quebra de caixa dos bilheteiros. Portanto, chegou a hora de lutar, e as assembleias começaram se massificar e, com participação em média de 200 trabalhadores, num total de 800 sócios. Nelas votam estado de greve, e na sequência a greve.
A greve é votada, e se realizam duas audiências de mediações na Superintendência Regional do Trabalho, mas em nada avançam. Na véspera da greve, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) convoca audiência, e se propõe realizar um despacho garantido o imediato pagamento do adicional de 20% de risco de vida dos Seguranças, assim como fica garantido a manutenção do Acordo Coletivo até que haja novas negociações. Porém, o despacho foi realizado no final da tarde, após a assembleia, que pela terceira vez, ter votado a greve de 24 horas. Portanto, mantida a greve.
A greve ganha a solidariedade de inúmeros setores sociais como a juventude JUNTOS, a CSP-CONLUTAS, militantes do MES-Movimento Esquerda Socialista do PSOL, a Corrente Alicerce, MRT, juventude do PCB, Unidade Popular, e do movimento sindical: SINDISAÚDE, Associação dos Servidores do Grupo Hospitalar Conceição, Sindicato dos Municipários de Porto Alegre e ASURGS.
A greve na audiência do TRT é reconhecida como legal e conta com uma participação de 70% dos pilotos, 90% dos bilheteiros e 100% dos seguranças, sendo mais fraca na manutenção. A empresa para mostrar “normalidade” convoca os trabalhadores com Função Gratificada (salários mais altos) para operar os trens. A imprensa reconhece que a greve causa “transtornos para o usuário”, ou seja, significava de que a greve ocorre de fato. Os trens que deveriam operar de 7min em 7 min ficou operando, com os FG’s, de 20min em 20min.
Na assembleia do dia 08, às 12h30min, é avaliada a solicitação de retorno ao trabalho no período da tarde, porém a ampla maioria dos metroviários decidem pela manutenção da greve até às 24h. A proposta vencedora é para permitir que todos os turnos participassem da greve, mostrando a força da greve e a consciência desta luta.
Nesta assembleia, a CUT, CONLUTAS, sindicatos, o representante das deputadas do PSOL Luciana Genro e Fernanda Melchionna e uma carta dos deputados do PT se colocam a disposição em unir forças para retirar a TRENSURB do PND. Os trabalhadores elegem uma comissão para ir a Brasília: Chagas, Keyte e Edson.
Esta greve foi o primeiro round de uma mobilização que sai vitoriosa e acumula para os próximos enfrentamentos. Os trabalhadores estão mais conscientes de seu papel na defesa de uma empresa pública de qualidade e de uma prestação de serviço de excelência.
O SINDIMETRÔ é combativo e sua direção tem convicção de que é possível vencer com unidade para lutar, e construir uma mobilização forte de forma independente.