Greve dos trabalhadores de aplicativos paralisa mais de 60% da categoria
Motoristas de aplicativos como Uber, 99 e IFood reivindicam menores taxas de plataformas e melhores condições de trabalho
Foto: Uber/Divulgação
Mobilizados desde o final de semana, os motoristas de aplicativo entraram em greve nesta segunda-feira (15). A maior parte dos trabalhadores engajados no movimento faz parte das plataformas de transporte Uber e 99, e do iFood, de delivery. Conforme a Federação dos Motoristas por Aplicativos do Brasil (Fembrapp), a paralisação deve durar 24 horas, mas o movimento pode se estender até o dia 20.
A redução do número de profissionais nas ruas – que em capitais como São Paulo chega a 70% – fez aumentar o número de cancelamentos e o valor das corridas. A situação deve servir para chamar a atenção do público sobre a batalha dos profissionais por melhores condições de trabalho. Segundo o presidente da Associação de Motoristas de Aplicativos de São Paulo (Amasp), Eduardo Lima de Souza, os trabalhadores estão recebendo os mesmos valores desde 2016.
“O setor automobilístico aumentou suas peças, o valor do veículo, o petróleo teve aumentos consecutivos, e as empresas não acompanharam esse aumento”, explica.
Para Souza, o sistema de cobrança também deve mudar com urgência.
“De 2019, para cá as empresas mudaram o sistema de cobrança. Antes, você saía da sua casa para ir para o seu trabalho, por exemplo, você sabia que esse valor informado seria o mesmo que você pagaria. Atualmente, não é isso mais. E, com isso, a taxa cobrada dos motoristas também está sofrendo essa variação. As empresas reajustaram os valores das tarifas para os passageiros, mas não repassaram para os motoristas, fazendo com que o valor de uma corrida chegue até 60% de desconto de taxa. Com isso, os motoristas estão trabalhando longas horas, chegando no final do dia com o lucro muito baixo, fazendo com que ele tenha que trabalhar todos os dias”, lamenta.
Os trabalhadores de plataformas de transportes de passageiros, reivindicam aumento da tarifa mínima de R$ 5,62 para R$ 10; remuneração de R$ 2 por quilômetro. No quesito segurança, pedem a instalação de câmeras em todos os veículos e a maior rigor no cadastro de motoristas. No conjunto, os profissionais pedem direitos trabalhistas, como férias e décimo terceiro salário, além de um maior diálogo com as empresas em relação às políticas de avaliação e desativação de contas.
O que dizem as empresas
A Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) informou, em nota, que “respeita o direito de manifestação e informa que as empresas associadas mantêm abertos seus canais de comunicação com os motoristas parceiros, reafirmando a disposição para o diálogo contínuo, de forma a aprimorar a experiência de todos nas plataformas”.
A 99 informou, também por nota, que tem conversado com os motoristas do aplicativo e que tem programas de apoio à categoria.
“Ouvindo e conversando com cerca de 2 mil motoristas todos os meses, a 99 adotou soluções permanentes para incrementar os ganhos no app: foi a primeira plataforma a oferecer a taxa garantida, que assegura aos condutores a taxa máxima semanal de até 19,99%”, informa a empresa, em comunicado.
O aplicativo ainda informou que foi pioneiro em iniciativas com o Adicional Variável de Combustível, um auxílio no ganho que aumenta sempre que o combustível sobe. “Além disso, lançou outros programas como: kit gás; consórcios com taxas mais baixas para a compra de veículo; vantagens no aluguel de carros; o 99Loc, que amplia o acesso à locação de veículos e o Driver LAB, um centro de inovação criado pela 99 para fortalecer o cuidado com o motorista e a redução de seus custos operacionais.”
A Uber ainda não se manifestou.
*Com informações da Agência Brasil