Parlamentares do PSOL pedem que comunidade terapêutica de SP seja investigada
“Nova Esperança” é alvo de denúncias de violação à liberdade religiosa dos dependentes químicos que atende
Fonte: Alesp/Divulgação
A deputada federal Sâmia Bomfim, a deputada estadual Mônica Seixas e a vereadora Luana Alves, todas do PSOL de São Paulo, entraram com representação no Ministério Público Federal (MPF) contra o Grupo de Assistência à Dependência Química Nova Aurora, mais conhecido como Comunidade Nova Esperança. As parlamentares apontam indícios de irregularidades nas atividades da instituição.
Segundo a ação, a Comunidade Nova Esperança se propõe a dar assistência “psicossocial e à saúde a portadores de distúrbios psíquicos, deficiência mental e dependência química e outros grupos semelhantes, tendo como finalidade a desintoxicação do paciente e a atividade de reestruturação física, mental e emocional”. Porém, a instituição estaria promovendo trabalhos de cunho religioso nos tratamentos, como rodas de oração, que seriam o eixo principal do tratamento psicológico e químico. Faltaria amparo científico para essas atividades, que também sugerem “violação da liberdade religiosa dos internados”.
Em entrevista recente ao jornal Folha de S.Paulo, um ex-paciente da comunidade denunciou a falta de médicos e medicamentos e a obrigatoriedade de participar de práticas religiosas sob pena de serem desligados do tratamento.
As parlamentares ressaltam que, por recomendação do Ministério da Saúde as Comunidades Terapêuticas devem “respeitar a orientação religiosa do residente, sem impor e sem cercear a participação em qualquer tipo de atividade religiosa durante a permanência na entidade”.
“Esse modelo de comunidades terapêuticas abre espaço para práticas não científicas, já que essas instituições religiosas – como é o caso da Comunidade Nova Esperança – tem intenções ligadas à evangelização, o que não condiz com o estado laico”, diz Monica Seixas. .
Segundo a deputada, é preciso “investimento massivo em assistência social com a contratação de novos profissionais e um atendimento humanizado aos dependentes”.
A Comunidade Nova Esperança tem convênio com o governo do Estado de São Paulo, que paga R$1,6 mil por paciente.