Declaração: Por um mundo ecossocialista!
29-03-2023_ConferenciaDaAmazonia-03-696x361-1

Declaração: Por um mundo ecossocialista!

Leia a declaração do MES/PSOL sobre a primeira Conferência da Amazônia organizada pelo partido

Mude o sistema, não mude o clima!

A I Conferência da Amazônia do PSOL ocorre em um período histórico e decisivo para o futuro da humanidade. Em meio à destruição de ecossistemas, desmonte de políticas ambientais e ataques aos povos dos rios e das florestas, a humanidade vivenciou recentemente uma pandemia e enfrenta mudanças climáticas, o que coloca na ordem do dia a necessidade de intensificar a luta contra este sistema que se sustenta no lucro em detrimento do bem-viver do povo.

Amazônia: palco de conflitos, território das lutas!

O território estratégico dessa luta acontece, aqui, na Amazônia, pois além de representarmos 5% do planeta e 58% do território nacional, possuímos 25% de todas as espécies de peixes, animais e plantas, 20% da água doce do planeta, 180 etnias de povos indígenas, e cerca de 14 milhões de famílias urbanas e rurais. A Amazônia é estratégica e sua defesa tem que estar no horizonte estratégico do PSOL.

Historicamente, desde a militarização das margens dos rios e da colonização genocida dos povos da floresta, passando pelos projetos recentes agrominerais e hidrelétricos, os grandes projetos planejados para a Amazônia têm sido economicamente concentradores de renda, socialmente excludentes, ambientalmente predatórios e culturalmente racistas. Seja no campo ou na cidade, o que predomina ainda é o uso da força, a expulsão da terra, a criminalização dos movimentos sociais, a não participação dos povos da Amazônia na definição dos modelos de desenvolvimento adotados na região, a cooptação de lideranças, as ameaças e até os extermínios, ainda comuns contra lideranças que ousam lutar em defesa de seus territórios e direitos.

Os povos da Amazônia estão sob um cerco de morte, a mando de latifundiários, grileiros, madeireiros e garimpeiros, com o apoio das elites rurais e urbanas. Ao sul do bioma amazônico, o “arco do fogo”, consórcio de madeira, gado e soja pressionam para avançar sobre a floresta. Ao norte, a rede de garimpo ilegal utiliza o mercúrio para envenenar as águas e o solo como forma de eliminar Yanomami e outros povos indígenas e ribeirinhos. À leste, os grande projetos mineradores do Programa Grande Carajás se interliga ao escoamento de soja a partir do Maranhão, tornando essa região uma das mais violentas do mundo, com constantes assassinatos de quilombolas, indígenas e trabalhadores rurais. À oeste, as fronteiras da Amazônia e as terras indígenas continuam desprotegidas e disponíveis ao tráfico, desmatamento e pistolagem com desfechos gravíssimos, como o caso do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, assassinados em 2022.

A resistência dos povos da Amazônia!

Diariamente, indígenas, quilombolas, ribeirinhos, pequenos agricultores e demais trabalhadores rurais seguem na resistência a esse cerco de morte e o PSOL precisa estar lado a lado com estes sujeitos da luta. A saída jamais pode ser a pactuação ou aliança com as elites urbanas e rurais, que há décadas se revezam no poder, e são responsáveis pela sustentação desse modelo de desenvolvimento excludente, predatório e racista.

Tampouco, podemos nos iludir com o mantra do desenvolvimento sustentável ou da economia verde, conceitos em disputa, apropriados pelo sistema capitalista, para avançar sobre novas fronteiras, abrir novos mercados, manter sua lucratividade, enquanto o povo padece com a miséria e baixos indicadores sociais. A financeirização da natureza e a privatização dos recursos naturais também não podem ser apontados como alternativas, pois provocam insegurança e degradação de povos, culturas e sabedorias milenares, das nossas florestas, rios e sociobiodiversidade. A saída é o ecossocialismo!

O caminho é o ecossocialismo!

O PSOL precisa ter em sua estratégia a luta pelo Ecossocialismo. O sistema capitalista, desde o século XVIII tem seu crescimento ilimitado baseado na exploração dos combustíveis fósseis e isso tem nos conduzido a uma catástrofe ecológica e a mudanças climáticas. É o sistema do capital que divide a sociedade em classes sociais, concentra, acumula e expropria  riqueza, explora  o  trabalho da maioria das pessoas que vivem na pobreza, utiliza o Estado para legislar a seu favor, subjuga a natureza e destrói o  meio ambiente, os territórios e os povos que ali vivem. 

Para enfrentar esse sistema, é  necessário defender e construir um outro sistema alternativo e radical que integre ecologia e socialismo, e que permita a apropriação dos principais meios de produção e a instauração de um planejamento democrático,  participativo e ecológico. Por mais que não pareça palpável no momento, precisa estar em nosso horizonte estratégico, pois o ecossocialismo é o único caminho possível e que a esquerda no planeta não poderá se furtar de construir. É  um caminho civilizacional, que implicará em um novo modelo de vida, sustentado pelos valores da solidariedade de classe, da democracia substantiva, da cidadania ativa, da liberdade e respeito à terra. A Mãe Terra! 

Entendemos, também, o ecossocialismo  como uma exigência política e ética  que orientará nossas ações em defesa da Amazônia e de seus povos, bem como do planeta. E que estamos dispostos a aprender com os conhecimentos ancestrais dos povos indígenas,  quilombolas, ribeirinhos e comunidades tradicionais de como cuidar da terra e de seus povos. O mundo será ecossocialista!

Nesse sentido, não há defesa de território, não há defesa dos povos que vivem na Amazônia e da floresta e meio ambiente sem a superação do sistema capitalista e a construção de uma outra lógica de sociedade e de relação com a natureza. A defesa da construção do ecossocialismo é um convite aos militantes do PSOL na Amazônia, para que seja o nosso norte, que se materializa na defesa da proteção dos ecossistemas, da Reforma Agrária Popular, da Agroecologia, de um planejamento democrático, participativo e ecológico, de uma educação popular e emancipadora e está presente nas lutas pelo bem-viver e contra o agronegócio e os grandes projetos, como as usinas hidrelétricas, os novos poços de petróleos e as ações predatórias das mineradoras.

Movimento Esquerda Socialista (MES) – Tendência Interna do PSOL


TV Movimento

Balanço e perspectivas da esquerda após as eleições de 2024

A Fundação Lauro Campos e Marielle Franco debate o balanço e as perspectivas da esquerda após as eleições municipais, com a presidente da FLCMF, Luciana Genro, o professor de Filosofia da USP, Vladimir Safatle, e o professor de Relações Internacionais da UFABC, Gilberto Maringoni

O Impasse Venezuelano

Debate realizado pela Revista Movimento sobre a situação política atual da Venezuela e os desafios enfrentados para a esquerda socialista, com o Luís Bonilla-Molina, militante da IV Internacional, e Pedro Eusse, dirigente do Partido Comunista da Venezuela

Emergência Climática e as lições do Rio Grande do Sul

Assista à nova aula do canal "Crítica Marxista", uma iniciativa de formação política da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, em parceria com a Revista Movimento, com Michael Löwy, sociólogo e um dos formuladores do conceito de "ecossocialismo", e Roberto Robaina, vereador de Porto Alegre e fundador do PSOL.
Editorial
Israel Dutra e Roberto Robaina | 27 nov 2024

A conjuntura se move… prisão para Bolsonaro e duas outras tarefas

Diversas lutas se combinam no momento: pela prisão de Bolsonaro, pelo fim da a escala 6x1 e contra o ajuste fiscal
A conjuntura se move… prisão para Bolsonaro e duas outras tarefas
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 54
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional

Autores

Pedro Micussi