Deputados gaúchos sacrificam servidores para reestruturar IPE Saúde
Parlamentares ainda tentaram criminalizar mobilização contra aumento nos descontos
Foto: Carolina Greiwe/Ascom IPE Saúde
A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul aprovou, na terça-feira (20), o projeto de reestruturação financeira do IPE Saúde, o instituto de previdência do Estado. Por 36 votos contra 16, os deputados avalizaram o aumento na contribuição dos servidores estaduais de 3,1% para 3,6% – podendo chegar até 12% do salário bruto dos servidores, com escalonamento por idade e cobrança dos dependentes.
O PSOL se posicionou de forma contrária ao projeto enviado à Casa, defendendo reposição salarial para os servidores, que organizaram um grande protesto em frente ao Palácio Farroupilha, na tentativa de adiar a votação, sem sucesso.
“Os servidores queriam dialogar, queriam mais tempo. Além das dívidas que os poderes têm com o IPE, nós sabemos que é a falta de reposição salarial dos servidores que levou à crise do IPE. Os mais de 50% de inflação que tivemos nos últimos sete anos, se a metade disso tivesse sido repassado para o funcionalismo, não teria déficit”, afirmou a deputada estadual Luciana Genro, líder da bancada do PSOL na Assembleia, que apoiou o ato.
Mesmo com o caráter democrático da manifestação, deputados da extrema direita tentaram criminalizar a mobilização dos servidores, chegando a propor a instalação de uma CPI.
“Essa tentativa de criminalização é mais do que ridícula. É um insulto contra a mobilização dos servidores, que lutaram legitimamente por seus direitos. Inclusive, eu gostaria que a manifestação tivesse sido até maior, porque é realmente indecente o que está acontecendo aqui hoje, em que o Parlamento vira as costas para o diálogo”, avaliou a deputada.
A aprovação da proposta, onerosa para o funcionalismo, há quase oito anos sem reajuste, garantirá uma arrecadação extra de R$ 720 milhões anuais ao IPE, que tem um milhão de segurados.
*Com informações da Ascom Luciana Genro