Enfermagem de Porto Alegre em greve!
Um relato sobre a recente greve dos trabalhadores da saúde no Rio Grande do Sul
O que se quer é tão singelo que uma pessoa de bom senso não acredita: reconhecimento e valorização. O reconhecimento verdadeiro de quem atuou na pandemia é salvou milhares de vidas. Esse reconhecimento deve ser acompanhado de valorização. Essa valorização deve ser acompanhado com melhores salários e condições de trabalho.
Na manhã gelada de 11 graus de Porto Alegre, os trabalhadores da saúde já tinham a presença dos diretores do SINDISAÚDE para impulsionar a paralisação. O dia promete esquentar, pois está previsto para as 13hs uma caminhada para exigir do Presidente Lula medidas e soluções para salvaguarda do piso da Enfermagem. O sindicato organizou duplas de diretores nos principais hospitais em que os trabalhadores definiram pela adesão à greve. A vontade de participar já tinha mais de mil adesões pelo sistema de relatório online.
O eixo da mobilização: PISO DA ENFERMAGEM: CUMPRA-SE JÁ! O recado para o Presidente Lula: “cobramos do Governo Federal uma iniciativa que resolva de uma vez por todas o pagamento do nosso piso”. A ASERGHC- Associação do Grupo Hospitalar Conceição conjuntamente com o sindicato assinam nota paga na imprensa agregando que CUMPRA-SE a redução da jornada de 220h para 180hs para os higienizadores. Medida que foi promessa de campanha de candidatos e hoje ministros do governo e da própria administração.
No Hospital de Clínicas, às 14hs, a previsão é de que trabalhadores de diversas categorias recepcionarem o Presidente Lula, entre eles estão os Metroviários da TRENSURB que exigem o cumprimento da retirada da empresa do Plano Nacional de Desestatização. O Sindicato do Municipários também se organiza para a manifestação. Os trabalhadores da saúde de Pelotas estão vindo para Porto Alegre, distante 3 horas da capital, viajando 250 km para exigir a implantação do piso.
As primeiras fotos que chegaram apontam que a greve será exitosa. Os hospitais Mãe de Deus, Santa Casa, Torres, Osório, Vila Nova, Ernesto Dornelles, Canoas Pronto Socorro, Nossa Senhora das Graças. Também, não faltou tentativa de intimidação, como na PUC em que os seguranças foram acionados e colocados em fila na porta de entrada dos trabalhadores. Em Canoas o som foi guinchado pelos guardas municipais, numa atitude arbitrária, sem a garantir o direito à manifestação da administração municipal.
O Sindicato orienta que cada piquete eleja o representante do comando de greve e com isso fortalecer a organização.
A imprensa local, Record, SBT, TV Pampa e a RBS TV já transmitem os primeiros momentos, em que greve começa a tomar corpo. Há um grande apoio da população e a imprensa fica constrangida par perguntar, se os pacientes ficam desassistidos. O fato é que a greve da saúde será de total pela responsabilidade com a vida. Mas, a solidariedade corre solta por todos os lados, é perceptível no semblante das pessoas.
No GHC os higienizadores estão distribuindo carta aberta para os usuários e colegas. Os hospitais com menos adesão os trabalhadores começam a chegar no sindicato. Os primeiros são do Cardiologia. O Presidente da CUT, Amarildo e o Presidente da Federação da Saúde Milton chegam no sindicato. A proposta é que façam uma manifestação pelo piso no evento para que o Lula reconheça e tome medidas para garantir a reivindicações dos trabalhadores .
Os piquetes de mobilização começam a realizar atos na vias de trânsito para chamar atenção da população. Os funcionários do sindicato estão alegres por fazerem parte da história da luta da categoria . Todos estão trabalhando como uma engrenagem para que os grevistas sejam bem recebidos. Se montou uma barraca, cadeiras, café e água. Assim, como o sindicato irá garantir almoço para os trabalhadores que vieram se concentrar para a caminhada.
A equipe para encher os balões está trabalhando para que no ato em frente a inauguração seja realizada uma revoada simbolizando o protesto. A categoria recebeu a solidariedade ativa dos trabalhadores em educação do 39 núcleo e do movimento da juventude JUNTOS. Eles estiveram nos piquetes do Hospital Mãe de Deus e Canoas. O Sindicato dos Bancários também colocou o carro de som à disposição.
Em Canoas mais de 300 trabalhadores realizaram uma caminhada pelo centro da cidade.
A greve movimentou a categoria, que saberá que tem força, irá amadurecer e realizar experiências em todos níveis. Os dirigentes do SINDISAÚDE se prepararam quando realizaram o debate sobre o arcabouço fiscal. Eles tem consciência de que a política do governo é ruim para saúde, pois está na mira a retira do percentual constitucional. O piso da Enfermagem continua no projeto aprovado no congresso e não tem previsão para o próximo ano.
A greve de hoje é um passo importante, uma reflexão e uma referência para que se projete uma luta de maior envergadura para defender o piso, os salários, condições de trabalho e o SUS.