Lutar não é crime: seguiremos combatendo a extrema direita sem anistia!
Seguiremos defendendo os lutadores e enfrentando a extrema direita: sem anistia!
As sessões da CPI do MST ilustram a fúria que um setor dos deputados da direita conservam contra o povo e o movimento social organizado. A agressividade discursiva no parlamento, à luz das câmeras, encontra uma correspondência com o cerco armado que o latifúndio faz no campo brasileiro. A extrema-direita busca recuperar terreno promovendo a perseguição ao movimento social quando Bolsonaro acaba de ser julgado inelegível pelo TSE. Seu objetivo é postular-se eleitoralmente, antecipando o debate sobre 2024 e criminalizando o conjunto de movimentos sociais, escalando o embate.
O governo tem dado uma resposta tímida. O anúncio de um Plano Safra recorde foi um gesto para o agronegócio e para os grandes proprietários de terra, reconhecido inclusive por deputados da extrema-direita como um “fruto” de sua pressão na CPI. A polarização com esse setor do agrobolsonarismo vai seguir. Nossa localização independente nos dá autoridade para enfrentar sem “rabo preso” a extrema-direita e fazer as críticas ao governo.
Solidariedade aos que lutam
Há um ataque orquestrado na CPI do MST, contra o maior movimento de luta pela reforma agrária do Brasil e contra outros agrupamentos que lutam pela terra.
No entanto, outras vias de ataques unem a burguesia brasileira, na definição em favor do modelo de “desenvolvimento” com centro no agro e no ajuste.
Como se demonstrou no ataque do STF ao direito de greve na luta dos educadores do Rio de Janeiro e, antes disso, na posição de Gilmar Mendes contra o piso da saúde, há um ataque mais global, que envolve o Judiciário, os parlamentos e os governos para impor derrotas à classe. Neste ponto, também o governo federal tem se inclinado claramente a ser parte dessa unidade, seja por ação ou por omissão –não questionando as reformas da previdência e trabalhista, como chegou a sinalizar em campanha, e mesmo adotando a defesa de PPPs.
Está em curso uma disputa mais geral de projetos: a defesa dos que lutam é um ponto de partida para buscar mais força na defesa dos interesses gerais da classe trabalhadora. No dia 8 de julho, a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) está convocando um ato em solidariedade ao MST e às deputadas combativas. Isso é parte da frente única contra a tentativa de desmoralização que o agro quer fazer a partir da CPI.
Solidariedade às deputadas combativas
É no contexto dos ataques do agrobolsonarismo que volta à cena a pressão pela aprovação do “marco temporal”, a reacionária tese que impede os povos originários de reivindicar terras que lhes foram arrancadas historicamente. Na aprovação a toque de caixa pela Câmara, Arthur Lira revelou mais uma vez seu destempero e autoritarismo.
Seis deputadas federais que protestaram contra esse ataque aos povos indígenas – Sâmia Bomfim (PSOL-SP), Fernanda Melchionna (PSOL-RS), Juliana Cardoso (PT), Talíria Petrone (PSOL-RJ), Erika Kokay (PT-DF) e Célia Xakriabá (PSOL-MG) – foram alvo de um processo de cassação no Conselho de Ética, aceito em tempo recorde por meio de chicanas. Trata-se de uma ameaça a parlamentares que não se intimidam e tem enfrentado as ameaças da extrema-direita.
Por tudo isso, o ato já mencionado, convocado pelo mandato de Sâmia Bomfim, tem uma enorme importância para marcar a solidariedade aos que lutam e defendem os direitos do povo trabalhador. Também para que as lutas em curso, como a dos trabalhadores da saúde, possam triunfar, é importante a vanguarda militante vincular-se a uma grande campanha para que lutar não seja crime, enfrentando também as medidas autoritárias em relação aos parlamentares da esquerda.
No momento em que Bolsonaro começa a responder por seu golpismo e por seus crimes, com a declaração de inelegibilidade pelo TSE, não recuaremos! Seguiremos enfrentando a extrema direita em todas as frentes: sem anistia!