O PSOL defende a longevidade, e você?
A defesa da saúde pública é também a defesa do direito à longevidade da classe trabalhadora
Foto: Vladimir Soares / Unsplash
O envelhecimento populacional é uma realidade, ou seja, estamos vivendo mais e convivemos com muito mais pessoas idosas em nosso cotidiano. E isso não é e nunca deverá ser tratado como um problema.
O processo de envelhecimento e a velhice, muito mais que meros aspectos biológicos, são envolvidos por inúmeras influências sociais e culturais que determinam os espaços sociais que ocupamos e com isso, as condições que vivenciamos em cada etapa da nossa vida. Por exemplo, pesquisas infelizmente mostram uma diferença na expectativa de vida entre bairros ricos e pobres de nossas cidades, além de um cenário mais favorável ao envelhecimento de pessoas idosas brancas em relação às pretas e pardas.
Por isso, envelhecer no Brasil ainda não é um direito de todos, e sim um privilégio de poucos. E somado a tudo o que vemos hoje, as suas condições podem ficar ainda piores se não avançarmos sobre as políticas neoliberais que enxergam o valor da vida apenas como números ou algo meramente monetário. Promover o envelhecimento ativo e saudável envolve pelo menos 4 grandes pilares, como saúde, aprendizado ao longo da vida, segurança e participação social.
No quesito saúde, o PSOL defende o direito a um sistema de saúde público, universal, gratuito e de qualidade. Para tanto, precisamos nos unir contra todos os constantes ataques de parcelas neoliberais que ano após ano caminham na direção contrária, aprovando emendas que retiram recursos do SUS, precarizam os serviços oferecidos e sobrecarregam as equipes assistenciais da saúde.
O aprendizado ao longo da vida é também necessário para envelhecer bem e com direitos. É um processo para o qual inequidades sociais impedem com que pessoas idosas continuem aprendendo e transmitindo toda a sua sabedoria desenvolvida ao longo dos anos.
Já a segurança é outro ponto fundamental para o qual nosso partido está preocupado. E não estamos falando de uma política armamentista defendida pela extrema direita e que só aumenta os índices de violência. Pelo contrário, nosso grupo resiste e busca um entendimento amplo desta questão. Segurança para as pessoas idosas envolve também o direito a sair na rua e a mesma não ser esburacada, a possibilidade de ser quem é respeitando toda a diversidade e heterogeneidade de qualquer grupo, como indígenas, quilombolas, pessoas periféricas, pessoas com deficiência e também da comunidade LGBTQIAP+.
Além disso, nosso partido também compreende que a proteção à velhice abrange o direito a uma previdência pública, e por isso, atua incansavelmente para barrar reformas neoliberais que possam reduzir direitos de aposentados, principalmente dos grupos mais vulneráveis.
Nesse contexto, resguardar a velhice e o direito a envelhecer depende da possibilidade de participação social. Nós não queremos que as pessoas idosas permaneçam apenas nos seus aposentos. Precisamos de políticas públicas que garantam o acesso e o direito à cidade e aos equipamentos urbanos, para que todas os indivíduos possam ocupar e explorar suas potencialidades juntamente de todos.
Por fim, gostaria de chamar a atenção de nosso grupo para essa questão, a fim de evitar que o tema da longevidade seja abraçado pela extrema direita ou pelo neoliberalismo. Algumas pessoas idosas, através de uma possível suscetibilidade maior a fake-news, podem ser seduzidas por discursos bolsonaristas de apologia à ditadura militar, a um passado que nunca existiu e a uma ideologia reacionária.
Portanto, é nosso papel estratégico disputar esse cenário e engajar as pessoas idosas contra a extrema direita, lembrando que nas próximas eleições o número de eleitores 60+ será superior a 20% do eleitorado. Por isso, o PSOL deve apresentar propostas de defesa de direitos, celebrando o envelhecimento e garantindo o acesso a esse tão esperado ciclo da nossa vida. E para que nossas candidaturas possam se embasar para as próximas eleições, deixo abaixo sugestões de pontos para a conquista e celebração da Revolução da Longevidade.
Um grande abraço e seguimos!
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Possíveis pontos para um envelhecimento com direitos
- Investir em seguridade social, com foco no fortalecimento das leis trabalhistas, no financiamento sustentável da previdência e facilidade de acesso aos benefícios sociais;
- Fortalecer o SUS, com garantia de acesso aos cuidados integrais de saúde e estímulo às políticas de prevenção e promoção da saúde;
- Fomentar programas de visibilidade à diversidade das velhices, que ressignifiquem a forma como enxergamos o envelhecimento, a fim de combater preconceitos como: Etarismo, Racismo, Elitismo, Capacitismo e LGBTfobia;
- Assumir um compromisso com a “Década do Envelhecimento Saudável 2021-2030”, com ações intersetoriais focadas em garantir que as comunidades acolham e recebam as pessoas idosas em sua plenitude;
- Fomentar e estimular a participação social de pessoas idosas em instâncias democráticas como os conselhos da pessoa idosa, conselhos de saúde, conselhos de segurança, entre outros, de modo que a representatividade das pessoas idosas esteja presente nas discussões políticas;
- Criar e fortalecer políticas públicas de apoio aos cuidadores informais de pessoas idosas;
- Investir em cursos de capacitação e na regulamentação da profissão de cuidadores formais de pessoas idosas, juntamente com cursos preparatórios e de formação, para capacitar e qualificar essa mão-de-obra e aumentar a empregabilidade dessas pessoas;
- Investir recursos para a construção e manutenção de instituições de longa permanência para pessoas idosas públicas, gratuitas e de qualidade;
- Criar um complexo industrial da saúde e cuidado pautado na Gerontecnologia, alavancando o envelhecimento para uma perspectiva de geração de empregos e riquezas;
- Combater e conscientizar contra todas as formas de violência contra as pessoas idosas;
- Dialogar com os Estados e Municípios para a capacitação das cidades com o selo “Cidade amiga da pessoa idosa”;
- Garantir e fortalecer os direitos e os salários dignos aos trabalhadores do Estado, para que possam se empenhar na proteção e promoção do envelhecimento ativo;