Sâmia questiona prefeitura de Ribeirão Preto sobre incidente em escola
Deputada quer saber quais medidas foram tomadas após pai de aluna ter ameaçado professoras com revólver por ódio político e misoginia
Foto: Guilherme Sircili/Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto
A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) oficiou a Secretaria de Educação do município de Ribeirão Preto – a cerca de 315 km da capital paulista – exigindo explicações sobre quais medidas foram tomadas após um homem armado invadir uma escola pública para ameaçar professoras, no último dia 16. A motivação do sujeito, que é pai de aluna matriculada na unidade, teria sido uma lição de casa sobre os direitos das mulheres, que ele julgou ser de “caráter doutrinador e ideológico”.
Diante da gravidade do fato, o diretor da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Maria Inês Vieira Machado registrou boletim de ocorrência. A denúncia narra que o indivíduo entrou na unidade durante o almoço dos professores, acompanhado pela esposa e “aparentemente alterado”. Na sequência, questionou a falta da lembrancinha no Dia dos Pais e perguntou qual era a concepção que os docentes daquela instituição tinham a respeito da família. Levado a uma sala de atendimento, o homem sacou uma arma da cintura, apontou para duas professoras que dialogavam com ele , na sequência, colocou o artefato sobre a mesa, afirmando que “se elas não estavam ensinando nada errado, não era para terem medo”.
De acordo com o boletim de ocorrência, o invasor também refutou uma atividade proposta em sala de aula, contida no livro “Ensino fundamental: anos iniciais”, da coleção Bons amigos. Diz o enunciado do exercício: “Faça como Laura e converse com seus familiares para descobrir como era a vida das mulheres da sua família em outras épocas. Depois, conte para os colegas o que você descobriu”.
Após o sujeito indagar quem teria autorizado a utilização daquele material, as professoras explicaram que a publicação faz parte do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), incorporada pelo Ministério da Educação ainda no governo Bolsonaro. Foi quando a mãe da aluna interveio, pedindo para que o marido guardasse a arma. Ele atendeu e a família abandonou a EMEF cerca de dez minutos após a invasão.
No ofício encaminhado à Secretaria, Sâmia reforçou que se trata de uma situação traumática:
“Seja quais forem as circunstâncias, o episódio colocou em risco a vida de professoras e crianças ali presentes e ressalta um alerta para que medidas de prevenção e averiguação do fato sejam urgentemente tomadas”, diz um trecho da mensagem.
A parlamentar pede que a administração de Ribeirão Preto dê detalhes sobre qual orientações foram dadas às vítimas e quais procedimentos adotados para elucidar o ocorrido e prevenir novos casos de violência escolar.
A deputada também exige que a pasta preste informações sobre o protocolo de proteção oferecido às trabalhadoras ameaçadas e se houve algum suporte psicológico para a equipe profissional e alunos da EMEF Maria Inês Vieira Machado.
“Toda a solidariedade e apoio às professoras que foram ameaçadas em seu ambiente profissional. Esperamos que a Secretaria ofereça suporte à escola e que possamos contribuir com esse tema que nos é tão caro”, afirmou.