‘Governo não funcionou para enfrentar a milícia ou o tráfico’, diz professor Josemar
Parlamentar do PSOL aponta a incompetência da gestão Claudio Castro na segurança pública
Foto: Rio Ônibus
Um dia depois de uma onda de violência pelas ruas do Rio de Janeiro, o governador Cláudio Castro (PL) deu um show de demagogia para a imprensa nacional. Em entrevista coletiva na manhã desta terça-feira (24), no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), ele defendeu punições mais duras contra os bandidos.
“Crime de terrorismo tem que ter pena de 30 anos em regime fechado, sem progressão”, defendeu. “Ou a gente endurece a legislação ou se transforma nessa mistura de México com Colômbia”
Sem mencionar nenhuma política própria para combate ao crime organizado, Castro revelou ter determinado que toda a força policial do estado esteja nas ruas, com o uso de viaturas, carros blindados, helicópteros e drones. Depois, distribuiu a culpa da violência ao apontar a atuação de bandidos de outros Estados no território fluminense.
“Está muito claro que esse não é mais um problema do Rio de Janeiro. Esse é um problema do Brasil. Não são mais organizações criminosas pontuais que estão aqui, estão ali. Não. Hoje são verdadeiras máfias alastradas pelo Brasil inteiro: Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará, Bahia, Rio Grande do Norte… A gente está vendo isso se alastrar a cada dia. Investigações da própria Polícia Federal e nossas, da Polícia Civil, mostram que criminosos de pelo menos 12 estados estão no Rio de Janeiro”, afirmou.
As palavras de Castro foram alvo de críticas do deputado estadual professor Josemar Carvalho (PSOL), que apontou a inépcia do governo.
“Ao dizer que o crime organizado ‘não é mais um problema do RJ, mas do Brasil’, Castro revela o que já sabíamos: seu governo não funcionou para enfrentar a milícia ou o tráfico. Amanhã ele vai a Brasília. Esperamos que volte com plano de Segurança com inteligência e estratégia”, comentou o parlamentar.
Nesta quarta-feira (25), o governador tem um encontro marcado com o ministro da Defesa, José Mucio Monteiro Filho, em Brasília, para pedir ajuda das Forças Armadas no combate ao crime organizado, reforçando a vigilância em áreas federais, como aeroportos, rodovias federais e Baía de Guanabara.
Horas de terror
Foi a morte de um miliciano que provocou o caos na zona oeste do Rio de Janeiro na segunda-feira (23). Cerca de 35 ônibus e um vagão de trem foram incendiados em represália à morte de Matheus da Silva Resende, o Faustão, durante um confronto com policiais civis numa favela de Santa Cruz, bairro da zona oeste.
Faustão era o número 2 da principal milícia da cidade, que é liderada por Zinho, seu tio. procurado pela polícia, o chefe da facção teria ordenado os ataques que fecharam acessos a locais como Campo Grande, Santa Cruz, Paciência, Guaratiba, Sepetiba, Cosmos, Recreio dos Bandeirantes, Inhoaíba, Barra, Tanque e Campinho. Passageiros tiveram que deixar alguns dos coletivos às pressas momentos antes dos criminosos atearem fogo aos ônibus. No Recreio, uma usuária do BRT chegou a de cara no chão para fugir do ônibus.
Pelo menos 12 suspeitos de ataques a ônibus foram levados para a 35ª DP (Campo Grande), na segunda-feira. Na manhã desta terça, metade já havia sido liberada por falta de provas.
“Moradores em pânico, trabalhadores sem conseguir voltar para casa, crianças que deverão ficar sem aula. O caos no RJ com muitos ônibus incendiados depois da morte de um miliciano. Governador Castro nos entrega à própria sorte. Segurança com inteligência, RJ sem milícia”, pede Josemar.
A onda de ataques ao transporte público na zona oeste do Rio de Janeiro teve impacto no funcionamento das universidades públicas na região metropolitana. Nesta terça-feira (24), a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) suspendeu as aulas de seu campus Zona Oeste. Nos demais campi da Uerj, as atividades foram mantidas, com abono de eventuais faltas de estudantes, servidores e colaboradores. A Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) também suspenderam as aulas, enquantoa Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) decidiu adotar atividades remotas nesta terça.