MPL inicia jornada de lutas em Mato Grosso do Sul
Por terra, trabalho, moradia e soberania popular!
Foto: MPL/Divulgação
No último dia 23 de outubro, as rodovias de Mato Grosso do Sul, estado com a maior concentração fundiária do país, amanheceram trancadas. Diante do descaso dos governos estadual e federal, centenas de famílias trabalhadoras, militantes do Movimento Popular de Luta (MPL), deram início a mais uma Jornada de Lutas por Terra, Trabalho, Moradia e Soberania Popular.
Há vários anos, as famílias que constroem o MPL vivem acampadas às margens das rodovias, lutando pela efetivação das tão prometidas reformas agrária e urbana, dever do Estado encartado na Constituição por força das lutas dos movimentos sociais, mas reiteradamente descumprido pelos sucessivos governos.
O atual governo Lula foi eleito com a promessa de dar prosseguimento à reforma agrária no país, tendo inclusive recriado o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), sob titularidade do ministro Paulo Teixeira (PT), para tratar da questão. Contudo, após quase um ano de governo, nenhuma medida concreta foi tomada. Enquanto isso, o governo federal presenteia os latifundiários com quase R$ 60 bilhões de reais em incentivos fiscais para a produção de soja. O agronegócio visa a produção de commodities para exportação e é voltado apenas para o lucro ao mesmo tempo que milhões de brasileiros e brasileiras passam fome, e os acampados do MPL somente querem trabalhar com dignidade, produzindo alimentos saudáveis e baratos para as mesas das famílias da classe trabalhadora e assim acabar definitivamente com a fome no Brasil.
Cansados de falsas promessas, os militantes do MPL reconhecem que a luta é o único caminho para fazer valer os seus direitos diante da morosidade do estado burguês. Por isso, nesta Jornada de Lutas, o MPL apresenta aos governos uma pauta de reivindicações para serem atendidas no curto prazo: a) cadastramento junto ao Incra das famílias acampadas; b) assentamento de todas as famílias do MPL; c) atualização dos índices de produtividade rural de acordo com o aumento da produção atual, para correta identificação dos latifúndios improdutivos; d) desburocratização do processo de aquisição de áreas conforme o Decreto nº 433/92; e) fortalecimento do Incra com a realização de novos concursos e aprovação de plano de carreira dos servidores, para qualificação dos seus quadros profissionais; f) definição de uma meta de assentamento a nível nacional para os próximos quatro anos; e g) implantação do setor de obtenção de terras para conferir maior celeridade aos processos de desapropriação de terra para fins de reforma agrária.
Vias fechadas
Ao menos quatro pontos foram paralisados na manifestação – entre os trechos Guia Lopes da Laguna-Bonito, Naviraí-Angélica, Nova Alvorada do Sul e Campo Grande -, demonstrando a força do MPL e a justeza das suas reivindicações. Enquanto se formavam filas de veículos, os militantes distribuíam panfletos explicando a luta do movimento e conclamando toda a classe trabalhadora a se somar à luta por terra, moradia, salário digno e contra o desemprego e a miséria.
Por outro lado, as manifestações do MPL foram alvos de ataques de parlamentares bolsonaristas no estado, como o deputado estadual Rafael Tavares (PRTB) e o deputado federal Rodolfo Nogueira (PL), vulgo “Gordinho do Bolsonaro”. Em suas redes sociais, eles proferiram toda sorte de impropérios contra as famílias trabalhadoras que constroem o movimento, acusando-as de “terroristas”.
Esses mesmos parlamentares de extrema direita são notórios apoiadores dos atos golpistas, defendem a pauta armamentista e têm um histórico de votos contra os direitos do povo. Ao contrário do que dizem as acusações levianas, reiteramos que as reivindicações do MPL são justas e legítimas, dialogam com os problemas concretos da classe trabalhadora, sem demagogia, e desde já manifestamos toda nossa solidariedade e apoio ao movimento.
O campo e a justiça social
Conforme ficou comprovado na CPI do MST, os movimentos sociais de luta pela terra existem para combater a brutal desigualdade no campo e, assim, levantam uma questão de interesse de toda a sociedade brasileira, pois não haverá justiça social enquanto não for resolvida a questão agrária com o fim da histórica concentração fundiária na mão de poucos, quando a imensa maioria camponesa sequer tem seu acesso à terra garantido. Terroristas são os latifundiários que, no Mato Grosso do Sul, fazem leilões para compra de armas, promovem a invasão de terras indígenas e quilombolas, grilagens e assassinatos de lideranças camponesas e lutadores sociais.
É impossível conceber a necessária transição ecossocialista sem reformas agrária e urbana radicais, que destruam de uma vez por todas o latifúndio e a especulação imobiliária. Também por essa razão, a luta do MPL é estratégica para o marxismo revolucionário e conta com o apoio incondicional do MES em Mato Grosso do Sul.
“Se o povo está na rua, essa luta também é sua!”
MPL PRESENTE, NA LUTA PERMANENTE!