SP parou contra as privatizações de Tarcísio
A greve conjunta do Metrô, Sabesp e CPTM realizada em São Paulo demonstrou a força da unidade das categorias em luta no estado contra as privatizações do governo Tarcísio
3 de outubro de 2023 ficará marcado como o dia de uma das mais fortes greves realizadas no Estado de São Paulo. Trabalhadoras e trabalhadores do Metrô, Sabesp e CPTM, com forte apoio dos estudantes da USP, paralisaram suas atividades. Com isso, estabeleceu-se um diálogo amplo com a sociedade sobre um tema de interesse geral: o projeto de privatização das empresas públicas pelo governador Tarcísio de Freitas.
Três aspectos foram notados neste dia: 1) A força do movimento, com piquetes e paralisações expressivas; 2) A intransigência e inclinação mentirosa do governador em suas declarações públicas; 3) Apoio social expressivo, muito acima da média.
A luta unificada de setores determinantes dos serviços públicos, em aliança com o movimento estudantil, deu uma prova de força. Além disso, houve paralisação da Embraer em São José dos Campos e de setores do serviço público federal, em particular dos judiciários.
Agora, trata-se de avançar na política e na organização para obter vitórias, que não são fáceis, mas são possíveis.
Plebiscito já!
É impossível afastar a capacidade de diálogo que o movimento obteve de uma boa tática de mobilização e diálogo popular que está sendo adotada: o plebiscito popular sobre as privatizações.
A greve possibilitou que a ideia de um plebiscito fosse além da iniciativa autônoma dos movimentos, colocando no colo do governador e da Assembleia Legislativa a decisão de realizar ou não um plebiscito oficial, que chame a população a decidir.
Na ALESP, por iniciativa de Monica Seixas do movimento Pretas, está protocolado o Projeto de Lei 1448/23, que propõe o plebiscito oficial.
Consideramos que a mobilização deve seguir, articulando essas duas exigências: retirada imediata dos projetos de privatização e plebiscito já.
Tarcísio e Ricardo Nunes: farinha do mesmo saco
O dia também foi caracterizado pela atuação conjunta de governador e prefeito, nas mídias sociais e oficiais, caluniando a greve.
Insistentemente, os dois disseram, como exemplo pretensamente positivo, que as únicas linhas em funcionamento no dia seriam as já privatizadas. Dito e feito: durante a tarde, a Linha 9-Esmeralda, administrada pela Via Imobilidade, entrou em pane, desmoralizando o governador e o prefeito. Só o povo não ficou surpreso, considerando que as falhas nas linhas privadas são praticamente cotidianas.
O PSOL, enquanto partido, também foi mencionado. Tentou-se enquadrar a greve como “política”, insinuando interesses eleitorais, quando o único interesse realmente político do movimento é barrar as privatizações. Estas, por sua vez, configuram ações governamentais autoritárias que atendem aos interesses classe dominante e prejudicam milhões de trabalhadores. Logo, a greve é legítima!
O PSOL integra o movimento, com orgulho. Nossas parlamentares — Luana Alves, Monica Seixas, Sâmia Bomfim, Bruna Biondi e Juliana Curvelo — estiveram nos piquetes ou atuando ativamente nas redes e tribunas. O mesmo se viu com outras figuras de dentro e fora do partido. E é nessa trincheira que também deve estar Guilherme Boulos, particularmente visado pela mídia considerando sua projeção eleitoral para 2024.
Os trabalhadores e a juventude mostram o caminho
Além de Metrô, Sabesp, CPTM e USP, cujos estudantes marcharam durante a manhã da Cidade Universitária até a Sabesp de Pinheiros (trancando a ponte do Rio Pinheiros e vias importantes), a UNICAMP entrou em luta.
Após um fato bárbaro pela manhã — uma tentativa de ataque a faca de um professor fascista contra um estudante —, milhares de estudantes se reuniam em assembleia à noite. Agora, também os estudantes da UNICAMP estão em greve, seguindo o caminho já aberto antes pelos funcionários da universidade, também paralisados.
O sentido apontado pelas lutas das categorias e do movimento estudantil mostra a força que pode obter uma luta unificada contra Tarcísio em São Paulo. É possível e necessário enfrentar tanto seus projetos de privatização quanto seu (anti)projeto educacional, em um esforço que deve ainda incluir o magistério estadual. Enfrentar Tarcísio, derrubar o secretário Feder, barrar as privatizações, conquistas mais contratações e permanência estudantil nas universidades.
Neste 2023, após a derrota eleitoral de Bolsonaro, nosso grande desafio é retomar uma agenda de mobilização de massas, que sirva para derrotar nas ruas a extrema-direita e seus governos, conquistar novos direitos e avançar na auto-organização dos trabalhadores e da juventude, com autonomia e independência.
Este 3 de outubro deu um exemplo do caminho a ser seguido.
Que a luta se amplie!