Cessar-fogo não pode ser o interlúdio do genocídio palestino
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Cessar-fogo não pode ser o interlúdio do genocídio palestino

É necessário um cessar da ocupação israelense da Palestina. O apartheid e a ocupação são perenes há 76 anos

FEPAL 23 nov 2023, 14:00

Foto: FEPAL

Via FEPAL

O que é um “cessar-fogo temporário”? Um intervalo no genocídio realizado por “israel” na Palestina? Uma pausa para recarregar as baterias e seguir o extermínio de pelo menos 5,8 mil crianças – outras 3,5 mil crianças desaparecidas – e 3,2 mil mulheres? São mais de 12,7 mil palestinos assassinados; outros 4,5 mil, desaparecidos. Mais de 30 mil feridos. Seria talvez um break antes de fazer mais milhares de feridos e mutilados? Ou seria, quem sabe, o interlúdio da limpeza étnica antes de tornar o restante dos 2,3 milhões de palestinos de Gaza refugiados novamente, como já são 73% deles desde 1948?

Não podemos seguir vendo e vivendo os crimes de “israel” contra a Palestina de tempo em tempo, a destruição de tempo em tempo, os cadáveres e escombros de tempo em tempo e aceitar que tudo se “resolve” com mais um cessar-fogo. Não há o que comemorar se a matança de palestinos é quase tão sazonal quanto as estações do ano. Se o apartheid e ocupação são perenes há 76 anos.

Vamos celebrar a pausa de um genocídio continuado? Seja em 4 dias ou daqui a um ano, vamos precisar clamar novamente por um “cessar-fogo temporário”, aguardando a próxima rodada do extermídio, que necessariamente virá, em seguida novo cessar-fogo, e assim renovar-se um ciclo vicioso que normaliza o genocídio continuado na Palestina e a metódica limpeza étnica?

Não. É necessário um cessar da ocupação israelense da Palestina e o fim de todos os crimes de guerra e de lesa-humanidade daí decorrentes. Sem isso, a vida palestina seguirá a rotina interminável da destruição, que, depois de consumada, será interrompida por novo cessar-fogo.
“israel” obtém o sangue palestino que busca, inclusive para resolver seus problemas políticos domésticos, e um cessar-fogo, que garante sua impunidade, é louvado e aplaudido. Os crimes de “israel” é que precisam cessar, não meramente sua fúria genocida momentânea, até que venha a próxima.

Assim, é preciso dar fim a este ciclo vicioso. Novas agressões e novos e inúteis cessar-fogo só terão fim na cena Palestina quando “israel” sofrer as consequências de seus atos. A Comunidade Internacional deve assumir suas responsabilidades e impor a “israel” total obediência às resoluções da ONU, ao Direito Internacional, bem como garantir proteção internacional ao povo palestino.

Que esse “cessar-fogo temporário” seja de alívio às necessidades urgentes do povo palestino em mais esse capítulo do genocídio e da limpeza étnica programada por “israel”. Mas que seja também o primeiro passo para que a Comunidade Internacional comece de fato a olhar para povo palestino. Que se comece a enxergar o que é o sionismo e o que faz o sionismo.

Não há espaço para uma ideologia racistasupremacistacolonial e violenta em pleno século XXI. Não há espaço para um genocídio em 2023. Não é mais possível conviver com o apartheid e a ocupação em nosso tempo.

Palestina Livre a Partir do Brasil, 22 de novembro de 2023, 76º ano da Nakba.


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Pedro Micussi