Por um cuidado em liberdade
Manicomios_nunca_mais

Por um cuidado em liberdade

A luta contra a internação compulsória continua necessária mesmo entre setores de esquerda

Rafael Dias Valencio 25 nov 2023, 11:16

Na recente histórica da democracia brasileira, a luta antimanicomial emerge como uma bandeira fundamental, que agrega diversas lutas por liberdade e vida. É impossível falar da luta antimanicomial sem um recorte racial e, neste sentido, é preciso dizer antimanicolonial, especialmente quando sabemos qual pessoa tida louca que foi e é encarcerada? Quem ocupa os presídios e manicômios? O que observa-se é que os manicômios e presídios são equipamento de Estado como recurso de exclusão e violação da população negra majoritariamente.

As ações das forças de segurança agem sobretudo em territórios de periferia, com o discurso de guerra as drogas mas que é plano de fundo para o genocídio da juventude negra. Em que se destaque ainda as mesmas drogas que justificam as operação não são produzidas nesses territórios no entanto chegam até ele, e por que rotas? De onde? Quem se enriquece com a guerra as drogas? Certamente não é a população periférica.

Todo esse prelúdio tem um objetivo de dizer que não é possível tratar como natural constituir uma política sobre drogas pautada na abstinência e no aprisionamento. A abordagem antimanicolonial propõe uma revolução no olhar sobre a saúde mental, desvinculando-a de estigmas e concepções preconceituosas. Pressupõe um cuidado em liberdade, não a qualquer pessoa que faça uso de alguma substância psicoativa (SPA), mas para qualquer pessoa que precise de cuidado.

Quando se fala de qualquer tratamento de saúde, de qualquer causa orgânica, ninguém é obrigado a tratar-se de câncer, diabetes, ou quaisquer outros adoecimentos. Ainda que discordemos da quem não quer se tratar, seria um absurdo imaginar alguém entrar na justiça para uma decisão judicial obrigando alguém a tomar insulina quando o diabético não quer.

Nesse sentido, falar em internação compulsória é na mesma incoerência obrigar alguém a fazer tratamento de saúde por uso de SPA. Ao contrário, a compulsoriedade da internação para este tratamento revela o caráter racista e manicomial de quem defende tal prática. Na contramão de toda prática manicolonial é preciso fortalecer e construir uma política/prática em saúde mental libertária que derrubem as práticas manicomiais, as comunidades terapêuticas e quaisquer instituições asilares de saúde mental. Ao priorizar o cuidado libertador e o respeito à autonomia das pessoas já foram criadas práticas e serviços como os Centro de Atenção Psicossocial – álcool e outras drogas, unidades de acolhimento, consultórios na rua e equipes de redução de danos.

Por tudo isso não são aceitáveis falas/práticas como a de Boulos, especialmente no lugar de candidato do PSOL, em que em nota a CNN não descartou a prática da internação compulsória, política defendida pelo atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB).

Essas defesas se alinham ainda à política de Eduardo Paes no Rio de Janeiro ou mesmo da Rede Abraço no Espírito Santo que perpetuam tais práticas que entendem-se encarceradoras e violadoras. Tais apontamentos estão em consonância também ao governo do Partido dos Trabalhadores quando cria o Departamento de Comunidades Terapêuticas (na estrutura do MDS), que se atualizam como manicômios modernos, modernos inclusive em suas práticas de tortura e violação.

É preciso que o PSOL componha a luta antimanicolonial e com outros movimentos sociais de juventude, mulheres, LGBTQIA+, e outros no enfrentamento a todas as formas de opressão, não em seu referendamento como nos casos acima. É preciso que a luta socialista seja de fato revolucionária e portanto libertária.


TV Movimento

Global Sumud Flotilla: Por que tentamos chegar a Gaza

Importante mensagem de três integrantes brasileiros da Global Sumud Flotilla! Mariana Conti é vereadora de Campinas, uma das maiores cidades do Brasil. Gabi Tolotti é presidente do PSOL no estado brasileiro do Rio Grande do Sul e chefe de gabinete da deputada estadual Luciana Genro. E Nicolas Calabrese é professor de Educação Física e militante da Rede Emancipa. Estamos unindo esforços no mundo inteiro para abrir um corredor humanitário e furar o cerco a Gaza!

Contradições entre soberania nacional e arcabouço fiscal – Bianca Valoski no Programa 20 Minutos

A especialista em políticas públicas Bianca Valoski foi convidada por Breno Altman para discutir as profundas contradições entre a soberania nacional e o arcabouço fiscal. Confira!

A história das Internacionais Socialistas e o ingresso do MES na IV Internacional

Confira o debate realizado pelo Movimento Esquerda Socialista (MES/PSOL) em Porto Alegre no dia 12 de abril de 2025, com a presença de Luciana Genro, Fernanda Melchionna e Roberto Robaina
Editorial
Israel Dutra | 12 set 2025

O 11 de setembro de nossa esperança – a prisão (finalmente) decretada do genocida Bolsonaro

A condenação de Jair Bolsonaro e todo núcleo duro do golpismo é uma vitória democrática, que deve ser comemorada com a "guarda alta"
O 11 de setembro de nossa esperança – a prisão (finalmente) decretada do genocida Bolsonaro
Publicações
Capa da última edição da Revista Movimento
A ascensão da extrema direita e o freio de emergência
Conheça o novo livro de Roberto Robaina!
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Conheça o novo livro de Roberto Robaina!

Autores