20 anos do Dia dos Radicais
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20 anos do Dia dos Radicais

Uma reflexão sobre a expulsão dos radicais do PT, processo que daria início ao PSOL

Leandro Fontes 15 dez 2023, 08:19

Há 20 anos ocorreu o processo de expulsão dos radicais do PT. Naquele momento o jornal O Globo fez uma série de reportagens denominada “O Dia dos Radicais”, que resgatarei nesse artigo. A escolha de relembrar o processo de expulsão de Heloísa Helena, Luciana Genro, João Fontes e Babá, das fileiras do PT por se posicionarem contrários a reforma da previdência do primeiro governo Lula e se manterem na defesa da mobilização dos servidores públicos, não é fazer uma mera uma agitação de um episódio histórico, apesar deste ser um dos mais marcantes que a esquerda brasileira vivenciou no século XXI. O objetivo central, ao rememorar o processo da expulsão dos Radicais do PT, se justifica no passo de uma luta política e programática que segue em curso no PSOL.

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“DIA D DOS RADICAIS: ‘É um grande drama. Se o PT mantiver esse rumo, será um desastre’, diz Plínio de Arruda Sampaio” (O Globo, 14/12/2003)

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Ou seja, as polêmicas do tempo presente, como veremos no decorrer do texto com recortes intercalados de reportagens do principal jornal da imprensa brasileira, não estão dissociadas com o conteúdo histórico da expulsão dos parlamentares Radicais. Embora, o Brasil e o mundo estejam numa situação distinta dos últimos vinte anos, fato objetivo que não é negado pela maioria da esquerda e pela totalidade das correntes que compõem o PSOL. Todavia, ao sublinhar as dificuldades e desafios da situação defensiva, toda uma ala do PSOL se lança para mudanças, não só táticas, mas, sobretudo, estratégicas da natureza do partido. Essa foi a marca mais sensível do último congresso do PSOL.   

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“Um partido dividido em três campos”

O Diretório Nacional do PT tem 81 integrantes, além do presidente do partido, José Genoino, do líder no Senado, Tião Viana, e do líder na Câmara, Nelson Pellegrino. Dos 84 votos, são necessários 43 (maioria simples mais um) para que a expulsão dos radicais seja consumada. A estimativa é de que 50 integrantes votem pela saída dos radicais. Os dirigentes do PT se alinham em três campos: majoritário, centro e esquerda. Cada campo do PT tem diversas correntes, que se unem em chapas nas votações” (O Globo, 12/12/2003)

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Conforme já foi bastante debatido, o 8º Congresso Nacional do PSOL foi marcado pela mudança de qualidade na relação de forças interna, onde, pela primeira vez, foi consolidada uma maioria reformista, adesista ao governo e com métodos burocráticos (como a derrubada de plenárias de eleição de delegados e a mudança de critérios da proporcionalidade da direção partidária), sustentada, principalmente, por filiações em massas controladas por governos locais como de Belém e de Macapá. De tal forma, o bloco PSOL Popular (Primeira Socialista e Revolução Solidária) obteve aproximadamente 55%, contando ainda com o apoio do PSOL Semente (Resistência, Subverta e Insurgência) que reuniu 12%. Os dois blocos (PSOL Popular e Semente) formam o campo PSOL de Todas as Lutas (PTL), que se consolidou como campo majoritário com 67%, isto é, 2/3 da direção do PSOL. A esquerda psolista, defensora da independência do PSOL frente aos governos de conciliação de classes, ficou com aproximados 33%.

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DIA D DOS RADICAIS: 

“PT exibe força e expulsa dissidentes

Por 55 votos a 27, partido exclui a senadora Heloísa Helena e deputados que votaram contra as reformas

Numa reunião histórica, o diretório nacional do PT expulsou ontem, por 55 votos a 27, a senadora Heloísa Helena (AL) e os deputados João Batista Babá (PA) e Luciana Genro (RS), que votaram contra os projetos de reformas que o governo enviara ao Congresso. O deputado João Fontes (SE) também foi expulso, em rito sumário, por ter distribuído a jornalistas uma antiga fita em que o presidente Lula atacava o hoje aliado José Sarney (PMDB-AP). O Campo Majoritário, que reúne os moderados do partido, mostrou sua força também ao aprovar todas as suas teses, anulando as apresentadas pelas correntes de esquerda do partido. ‘Não apoiar o governo de forma resoluta significa trair a determinação democrática que o PT recebeu das urnas’, diz o texto aprovado na reunião.” (O Globo, 14/12/2003)

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A principal polêmica é a mudança do caráter do partido, que tomou como sua estratégia no período o aprofundamento da adesão ao governo social-liberal de Lula e a disputa de prefeituras, tendo como eixo a prefeitura de São Paulo, a partir da candidatura Boulos. Mas, não só, Valério Arcary, dirigente da Resistência, após o 8º Congresso do PSOL, publicou um artigo que na essência apresenta Boulos como uma espécie de sucessor de Lula, como líder da esquerda brasileira, a partir da disputa de cargos executivos.

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VERISSIMO

“Não vai pegar bem”

Não sei, enquanto escrevo, que destino o PT dará a seus rebeldes. As razões para expulsá-los são perfeitamente racionais. Disciplina partidária, união por propósitos finais mesmo ao custo de alguma resignação passageira e outros benefícios pragmáticos a longo prazo. Mas que vai pegar mal, vai. No plano simbólico-aquele que não tem nada a ver com duras decisões políticas, mas costuma prevalecer sobre a realidade e até derrubar impérios, ou pelo menos a empatia de quem o desdenha-o que vai ficar é que um dia o PT baniu os seus mais combativos e coerentes”. (O Globo, 14/12/2003)

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É interessante notar que Valter Pomar, dirigente da Articulação de Esquerda (corrente interna do PT), que recentemente escreveu um texto polemizando pela esquerda contra Valério Arcary, em 2004 num texto intitulado “A esquerda na encruzilhada”, publicado no jornal Brasil de Fato, dizia que o PSOL não era uma alternativa viável, porque não nasceu sob o calor de um ascenso operário como PT e, ainda segundo Pomar, superestimava o peso parlamentar e ao redor de uma candidatura à presidência da república. Porém, Roberto Robaina no artigo “A encruzilhada de Pomar: um tiro certeiro no peito ou na cabeça”, publicado no Correio da Cidadania (Jornal dirigido por Plínio de Arruda Sampaio Jr), respondeu a altura os ataques ao PSOL:

“A questão determinante é que o PSOL nasceu respondendo a uma necessidade da classe trabalhadora: ter uma representação política dos seus interesses que seja independente e anticapitalista. Ademais, nasce a partir da experiência do PT, depois de 22 anos. Temos chances, portanto, de aprender com os erros do PT. Por isso, por exemplo, o PSOL não surge tendo como estratégia eleger o presidente da República, mas sim a defesa da mobilização de massas para derrotar a ordem capitalista. Isso não é uma coisa qualquer. Afinal, no PT, até a esquerda, pelo menos a dirigida por Pomar, assumiu a disputa presidencial como estratégia mais importante do partido”. (Revista Movimento, julho de 2004).

Me parece, lamentavelmente, que Arcary não aprendeu o suficiente com os erros do PT. Entretanto, Robaina estava certo na resposta a Pomar. Não era para menos, Roberto Robaina com o livro “Uma visão pela esquerda”, publicado em janeiro de 2003, pavimentou as bases políticas e teóricas para a fundação do PSOL, uma vez que entre discursos e publicações de diversos dirigentes e correntes, este foi o único livro in loco que “sustentou as posições que deram os fundamentos para o projeto de novo partido”.

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DIA D DOS RADICAIS: 

“CORPO A CORPO

LUCIANA GENRO

‘Não há mais volta para o PT’

Soraya Aggege

O GLOBO: Como fica o PT, depois das expulsões?

LUCIANA GENRO: Ao nos expulsar, o Partido dos Trabalhadores acaba de consolidar uma mudança profunda em seu caráter. O PT se desintegra, se degenera nesse caminho que está assumindo. Passa a ser um defensor do neoliberalismo. Essas expulsões são um símbolo de que não há mais volta para o PT.

Qual é a sua avaliação deste primeiro ano do PT no poder? LUCIANA: O governo do PT deu continuidade à política econômica do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, com um crescimento zero do PIB, com queda na remuneração dos trabalhadores, que estão comendo ainda menos. Pagamos R$ 120 bilhões em juros de uma dívida externa que ainda cresceu. Esse governo foi a reprodução daquilo que nós sempre combatemos. Durante um ano, o PT seguiu à risca a receita do Fundo Monetário Internacional e abriu mão de sua chance de transformar o país.

Qual o seu rumo político, a partir deste domingo? LUCIANA: Vamos organizar a esquerda que não se rendeu em torno de um novo partido, democrático e pluralista. Será uma ferramenta política para impulsionar as lutas do povo e uma referência para todos aqueles que se decepcionaram com o PT. Será um longo processo e enquanto isso, farei oposição a esse modelo na condição de deputada federal sem partido”.

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Por isso, não é uma demarcação vazia a reivindicação desse balanço histórico. Ademais, o PTL se apresenta como um campo político no interior do PSOL que “acertou” nos últimos oito anos ao ter se aliado ao PT, no calor do golpe parlamentar que derrubou Dilma e frente ao ascenso da extrema-direita que culminou com o governo Bolsonaro. Essa agitação possui mais cortina de fumaça do que conteúdo, já que na prática todo o partido (com exceção da Resistência que estava no PSTU e defendia o “Fora Todos”) se posicionou contra o golpe parlamentar (MES, por exemplo, defendeu eleições gerais, política que poderia ser utilizada na direção do protagonismo de Lula no linear da crise institucional e do petismo) e se jogou no combate ao extrema-direita neofascista, fazendo unidade de ação com os partidos da frente popular nas ruas, no parlamento e nas eleições.

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DIA D DOS RADICAIS: 

“Duas correntes anunciaram que estão deixando o PT

Os parlamentares distribuíram um manifesto sobre a formação do novo partido, que ainda não tem nome e nem data para ser formado. Para criar um partido é preciso um milhão de assinaturas. Por enquanto, eles só têm cerca de sete mil.

Não é um processo imediato, não se faz do dia para a noite. Queremos construir coletivamente com os companheiros que estão deixando o partido ou poderão deixá-lo. Até lá ficamos sem partido – disse Luciana

As correntes de Luciana – Movimento Esquerda Socialista (MES) e de Babá –  Corrente Socialista dos Trabalhadores (CST) – anunciaram, ao fim da reunião, que também estavam deixando o PT rumo ao futuro novo partido. Um dos membros do diretório do Rio Grande do Sul, Roberto Robaina, ligado a Luciana, pediu afastamento imediato.

Os deputados afirmam que não pretendem boicotar o governo Lula.

-Não queremos o ‘fora Lula’. O governo só vai mudar se houver mobilização de massa para impulsioná-lo, ou mesmo atropelá-lo, se ele não resolver de que lado está. Porque, no momento, preferem ficar ao lado dos banqueiros em vez de ficar do lado dos trabalhadores – disse Babá”. (O Globo, 14/12/2003)

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Como sustentáculo dessa orientação, há o espantalho do retorno do bolsonarismo em 2026, a necessária luta contra a extrema-direita neofascista e a ilusão da “reconstrução” do Brasil pós pandemia e de quatro anos de Bolsonaro via um governo de colaboração de classes. Para tanto, segundo o PTL, o governo Lula precisa dar certo. De tal forma, a política de composição da base aliada no parlamento e de cargos no governo, no primeiro e no segundo escalão, se justifica para a maioria do PSOL. Falam sobre isso, mas são indiferentes ao papel reativo do petismo nas mobilizações do Fora Bolsonaro, a força que a esquerda radical se dedicou impulsionando ações nas ruas e no parlamento para derrubar Bolsonaro e o papel decisivo de Sâmia Bomfim, eleita a melhor deputada do Brasil, na CPI do MST.

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DIA D DOS RADICAIS: 

“Tendência é esperar pelo fim de 2004

Um dos representantes mais antigos da esquerda petista, com cargo na direção há 20 anos, o deputado Ivan Valente (SP), da Força Socialista, acha que a situação chegou ao limite, mas ainda se arrastará por pelo menos mais um ano:

-O resultado da reunião do diretório nacional vai inviabilizar a convivência. Mas na cabeça dos militantes ainda será um ano de esperanças. Só não quero analisar as sequelas para a esquerda. É muito duro.

Arrastar o tempo para tentar convencer o governo a mudar de rumo é a estratégia da Democracia Socialista (DS), tendência de Heloísa Helena e do ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto. Joaquim Soreano, dirigente da DS e do PT, vai recorrer da decisão do diretório nacional e tentar promover uma antecipação do encontro nacional, previsto para 2005. O encontro é a instância superior ao diretório.

-Os militantes precisam ser chamados para opinar sobre o que está acontecendo- disse Soreano”. (O Globo, 14/12/2003)

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Não vou discorrer sobre esse ponto, até porque há publicações na Revista Movimento, que dão uma resposta contundente à agitação unida do PTL. Mas, há um elemento que precisa ser explorado, que é a contextualização do balanço e da perspectiva ao redor narrativa dos “acertos” do PTL e, digamos, um distanciamento, para não dizer apagamento, das bases fundacionais do PSOL. Não é à toa que o modelo de governo projetado por Boulos é o de Lula, que serviu para experiência impopular de Edmilson Rodrigues em Belém, que na capa do site da Primavera Socialista está escrito: “Reconstruir o Brasil com Lula e o PSOL” e que Valério Arcary publicou um artigo intitulado “A estratégia Boulos”.

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“Chico de Oliveira diz que PT compõe centro com o PSDB

SÃO PAULO. Para o sociólogo Francisco de Oliveira, o PT se transformou numa outra metade do PSDB e passou a formar o centro. Ele diz que o Brasil ficou dividido entre a “direita raivosa e retrógrada”, representada por partidos como o PFL, e pelo grande centro, integrado por PT e PSDB. O espaço da esquerda, para Oliveira, está vazio.

-Pelo menos por algum tempo, Lula e seu governo conseguiram enterrar a esquerda no país – diz.

Na avaliação do sociólogo, Lula enterrou uma história maior do que a do PT, de 40 anos de esquerda no Brasil iniciados com o fim do antigo PCB, na década de 60, e que surgiu com os grupos que hoje formam as bandeiras da esquerda do PT: o movimento estudantil, o feminismo, o sindicalismo, a ecologia.

-Talvez demore um pouco, pois foi um duro golpe, mas a esquerda renascerá no Brasil -diz Chico de Oliveira”. (O Globo, 13/12/2003)

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Quer dizer, a orientação não corresponde, não só na tática, mas, sobretudo, na estratégia e na concepção de partido plantada pelos Radicais há vinte anos. No lugar de independência de classe e mobilização de massas como método, como afirmou Robaina na polêmica com Pomar, o PSOL agora possui uma maioria que afirma a necessidade de composição com governos de conciliação de classes e que a estratégia é ganhar governos municipais, tendo o PT como aliado privilegiado.

Essa posição, oposta ao marco fundacional do partido, não pode ser justificada pelo perigo de golpe fascista e/ou da extrema-direita vencer as eleições de 2026. A tentativa de golpe de 08 de janeiro foi derrotada, Bolsonaro está inelegível, o PT se aliou a Arthur Lira no parlamento e o governo incorporou nos ministérios, não só representantes dos partidos da direita liberal e do centrão, mas, também, “ex-bolsonaristas” como André Fufuca. Claro que o risco de a extrema-direita voltar ao poder não se encerrou. Mas, qual é o papel de um partido anticapitalista como ente de minuto nesse governo de colaboração de classes, com tamanha composição com frações burguesas, com arcabouço fiscal votado e a pautas, como a privatização dos presídios, em discussão?

Por isso, o PTL precisa da narrativa dos seus “acertos” para se distanciar da orientação e do programa fundacional do PSOL, claramente anticapitalista, internacionalista, de independência de classe e defensor da mobilização de massas como método de transformações estruturais. A defesa desse programa, aliado ao exemplo extraordinário de luta dos Radicais tendo Heloísa Helena como principal expressão pública, foi capaz de reunir as forças necessárias para o nascimento do PSOL, não apenas com os Radicais e duas de suas correntes, mas somando naquele momento histórico, intelectuais como Chico de Oliveira, Paulo Arantes, Ricardo Antunes, Roberto Romano, Leandro Konder, Carlos Nelson Coutinho, além do sempre combativo construtor e ex-deputado federal Milton Temer, de correntes regionais das fileiras petistas como SR e o MTP, do CSOL (racha do PSTU) e do MTL, militantes do Rio de Janeiro e do Paraná que romperam com a DS, entre centenas de ativistas honestos, dirigentes sindicais, especialmente do funcionalismo público.

Depois do Dia dos Radicais muita coisa aconteceu, o PSOL nasceu, cresceu, chegou na sua maioridade e em junho de 2024 completará vinte anos de existência. Seguiremos na batalha para que o partido não seja totalmente descaracterizado e tenha condições de retornar no seu curso original.


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Pedro Micussi