Conta de água vai subir em SP, admite Tarcísio
Argumento usado para privatizar a Sabesp caiu antes mesmo de a tinta da sanção do governador secar. E esse não é o único problema
Foto: Pedro França/Agência Senado
A tinta da assinatura da privatização da Sabesp nem secou e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), já mudou o discurso sobre as vantagens da entrega da empresa de água e esgoto para a iniciativa privada. Na segunda-feira (11), ele admitiu que a conta de água irá aumentar, contrariando os argumentos usados até então.
“A tarifa da Sabesp vai subir ao longo do tempo. O que a gente garante nessa operação é que ela vai subir em um valor menor”, contemporizou.
A afirmação causou indignação na vereadora Luana Alves, que protestou nas redes sociais.
“Nem 15 dias. Tarcísio de Freitas promove um ataque sem precedentes ao povo de São Paulo. Pra encher o bolso de meia dúzia, nosso direito à água e a saneamento básico são vendidos. Seguiremos essa luta na cidade de SP!”
Em janeiro passado, Tarcísio afirmou com todas as letras que a privatização implicaria na redução da tarifa.
“Vamos conseguir fazer o investimento, cumprir o prazo de universalização do serviço, fazer mais ligações, fazer mais estações de tratamento, investir no reuso de água, na diminuição das perdas e ao mesmo tempo reduzir as tarifas”, disse.
Dificuldades à vista
O projeto de lei que autoriza a privatização da companhia foi aprovado pela Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), na semana passada, em uma sessão tumultuada, marcada por protestos e agressão policial contra os manifestantes que rejeitavam a venda da Sabesp. Pelo menos cinco pessoas foram presas durante a sessão, sendo que dois, Hendryll e Lucas, que ainda estavam detidos, foram liberados só na terça-feira (12)
Ainda que a decisão já tenha sido sancionada na Alesp, ainda precisa passar pela aprovação da Câmara de Vereadores de São Paulo, já que a capital paulista representa 44,5% do faturamento da companhia.
A lei municipal veda mudanças no controle acionário da Sabesp e, para esse caso, prevê que a prefeitura assuma o controle do serviço de água e esgoto na cidade. Dessa forma, para acatar a decisão da Alesp seria necessário uma alteração na legislação.
Os demais 374 municípios paulistas atendidos pela Sabesp também precisam aprovar a renovação do contrato de concessão até 2060. Missão difícil para o governo do Estado. Isso porque poucas ou nenhuma empresa teria interesse de comprar a Sabesp sem ter parte do controle acionário, como prevê a proposta aprovada pela Alesp.
“Os agentes econômicos, as empresas que quiserem se associar a Sabesp vão ter um prejuízo enorme, porque São Paulo representa 44% do faturamento da Sabesp, que inviabiliza na prática. Agora o projeto de lei vai ser aprovado, fica autorizada a privatização, mas ela perde fôlego, perde importância no processo”, disse o vereador Celso Giannazi (PSOL), ao portal G1.