Para alegria dos patrões, STF decide regionalizar piso da Enfermagem para celetistas
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Para alegria dos patrões, STF decide regionalizar piso da Enfermagem para celetistas

Corte também decidiu manter carga horária de 44 horas semanais, contrariando recomendação da OMS

Tatiana Py Dutra 20 dez 2023, 09:26

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O último capítulo da novela sobre o pagamento do piso nacional da Enfermagem transcorreu no início da madrugada de terça-feira (19), quando o Supremo Tribunal Federal (STF) finalizou o julgamento de recursos de diversas companhias de saúde privada que questionavam valores e carga horária. 

Os patrões riram por último. Apesar de o relator, ministros Luís Roberto Barroso –  acompanhado por Edson Fachin, Cármen Lúcia e André Mendonça -, ser favorável à  redução da carga horária semanal para 40 horas e à nacionalização da regra de pagamento do piso, seu voto foi vencido. O ministro Dias Toffoli divergiu e, acompanhado por Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Gilmar Mendes, Luiz Fux e Nunes Marques, formou placar de 6 votos a 4 pela manutenção da carga de 44 horas semanais como referência para o pagamento. O resultado é considerado negativo para a categoria e se afasta mais da recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), que preconiza uma jornada de 30 horas por semana para os profissionais da Enfermagem. 

Também ficou determinada a negociação coletiva regionalizada sobre o pagamento do piso no setor privado.Caso as negociações coletivas não avancem, fica autorizada a abertura de dissídio coletivo (abertura de processo na Justiça do Trabalho). Essa foi uma mudança em relação ao entendimento anterior, no qual a Corte decidiu que, em caso de desacordo, o piso deveria ser pago na forma da lei.  

“Essa regionalização não é somente legítima, mas também necessária, notadamente no que tange à situação dos autos. As diferentes unidades federativas apresentam realidades bastantes díspares quanto às médias salariais dos empregados do setor de enfermagem, sendo também diversas a estrutura, a dimensão e a solidez da rede de saúde privada em cada UF”, afirmou Toffoli em seu voto.

Pela lei, o novo piso para enfermeiros do setor público ou privado – contratados sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) – é de R$ 4.750. Técnicos de enfermagem recebem, no mínimo, 70% desse valor (R$ 3.325) e auxiliares de enfermagem e parteiras, 50% (R$ 2.375). Apesar de agora o valor real dos pagamentos depender de negociações e da Justiça do Trabalho, as seguradoras de saúde e hospitais privados comemoraram a potencial redução de custos trazida pela decisão do Supremo.

“Em nossa opinião, a regionalização dos reajustes salariais poderia reduzir significativamente o impacto nas empresas que cobrimos. Embora seja um desafio avaliar o impacto exato desta nova decisão, uma vez que depende da decisão e interpretação de cada tribunal regional do trabalho, acreditamos que deva ser significativamente reduzido”, avaliam os analistas do Itaú BBA.

Quando vemos analistas do mercado financeiro celebrando a retirada de direitos de uma categoria, em nome do lucro, é que redimensionamos o tamanho do abismo provocado pelo capitalismo.


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