PSOL diz ao STF que Goiás submete mulheres à tortura com lei antiaborto
SBSP

PSOL diz ao STF que Goiás submete mulheres à tortura com lei antiaborto

Ação para suspensão da norma foi articulada pela deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) em diálogo com o Instituto Anis a Defensoria Pública goiana

Mandato Sâmia Bomfim 19 fev 2024, 09:46

Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

O PSOL ingressou no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) em que pede que a corte suspenda, imediatamente, a eficácia de uma lei sancionada pelo Governo de Goiás que obriga gestantes a ouvirem os batimentos cardíacos do feto caso optem por um aborto legal.

A ida da legenda à Justiça foi articulada pela deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) em diálogo com o Anis: Instituto de Bioética e com a Defensoria Pública goiana. A deputada estadual Luciana Genro (PSOL-RS) e as vereadoras psolistas Luciana Boiteux e Laina Crisóstomo também assinam a ação.

De autoria do ex-deputado estadual Fred Rodrigues (DC), a norma foi sancionada pelo governador Ronaldo Caiado (União Brasil) no mês passado e institui a “Campanha de Conscientização contra o Aborto para as Mulheres no Estado de Goiás”.

O texto determina que o “estado forneça, assim que possível, o exame de ultrassom contendo os batimentos cardíacos do nascituro” e prevê “palestras sobre a problemática do aborto” e uma série de atividades sobre os “direitos do nascituro, o direito à vida e as imputações penais no caso de aborto ilegal”.

Ao contestar a lei estadual, o PSOL afirma que o texto busca, na verdade, criar obstáculos para o acesso de meninas, mulheres e pessoas gestantes ao aborto legal – no Brasil, a interrupção é permitida quando há risco à vida materna, em casos de estupro e de gestação de feto anencéfalo.

Para os signatários da ação, a norma submete as pacientes a uma nova forma de tortura, uma vez que as obriga a visualizar o ultrassom de uma gestação indesejada, e incorre em violência psicológica e abuso de autoridade.

“A referida lei estadual não visa cuidar da saúde das mulheres e meninas, uma vez que não traz qualquer disposição de acolhimento humanizado e de resguardar a autonomia e saúde daquelas que precisam e decidem por realizar o procedimento”, afirma o documento. “Ao contrário: desconsidera as consequências psicológicas e emocionais de se levar a termo, forçadamente, uma gravidez decorrente de um estupro, além de impor novas formas de tortura, como é o caso da obrigação de se mostrar vídeos e fotos à gestante”, segue.

A ação do PSOL sustenta que a norma sancionada impacta, sobretudo, as vidas de crianças e adolescentes vítimas de violência sexual e não apresenta “qualquer preocupação genuína” com o que diz a Constituição sobre a proteção à infância.

O partido ainda destaca que não é competência de um estado interferir em princípios estabelecidos por leis federais.

“A manutenção das condições previstas na lei tem como consequência revitimizar meninas e mulheres, impingir sofrimento físico e emocional, obstaculizar o acesso a procedimentos de saúde, além de configurar patente violência institucional”, diz a legenda.

A lei estadual também é alvo de uma outra ADI, apresentada no mês passado pela Associação Brasileira de Mulheres de Carreira Jurídica (ABMCJ).

Segundo o PSOL, a literatura científica demonstraria que o uso do ultrassom na tentativa de demover uma mulher de realizar um aborto seria ineficaz: 

“Em alguns casos, o único efeito é causar impactos emocionais.”

Além do partido, das parlamentares, do Anis e da Defensoria, o documento é assinado pelos advogados Gabriela Rondon, André Maimoni e Alberto Maimoni.

A ação foi remetida ao ministro Edson Fachin, relator da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 989. A iniciativa pede que o Estado brasileiro assegure a realização do aborto nas hipóteses previstas em lei, hoje atravessadas por uma série de obstáculos que dificultam o acesso ao procedimento.


TV Movimento

Balanço e perspectivas da esquerda após as eleições de 2024

A Fundação Lauro Campos e Marielle Franco debate o balanço e as perspectivas da esquerda após as eleições municipais, com a presidente da FLCMF, Luciana Genro, o professor de Filosofia da USP, Vladimir Safatle, e o professor de Relações Internacionais da UFABC, Gilberto Maringoni

O Impasse Venezuelano

Debate realizado pela Revista Movimento sobre a situação política atual da Venezuela e os desafios enfrentados para a esquerda socialista, com o Luís Bonilla-Molina, militante da IV Internacional, e Pedro Eusse, dirigente do Partido Comunista da Venezuela

Emergência Climática e as lições do Rio Grande do Sul

Assista à nova aula do canal "Crítica Marxista", uma iniciativa de formação política da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, em parceria com a Revista Movimento, com Michael Löwy, sociólogo e um dos formuladores do conceito de "ecossocialismo", e Roberto Robaina, vereador de Porto Alegre e fundador do PSOL.
Editorial
Israel Dutra e Roberto Robaina | 12 nov 2024

A burguesia pressiona, o governo vacila. É hora de lutar!

Governo atrasa anúncio dos novos cortes enquanto cresce mobilização contra o ajuste fiscal e pelo fim da escala 6x1
A burguesia pressiona, o governo vacila. É hora de lutar!
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 54
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional

Autores

Pedro Micussi