Parlamentares vão ao CNJ contra decisão do STJ sobre estupro de menor
Corte inocentou homem que teve relacionamento com menina de 12 anos. Sâmia Bomfim (PSOL) diz que medida representa “retrocesso inadmissível”
Foto: STJ/Divulgação
A Frente Mista de Promoção e Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente do Congresso Nacional acionou o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que inocentou um homem de 20 anos que teve um relacionamento com uma criança de 12. A menina teve um filho com o rapaz.
O documento encaminhado pela deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP), uma das líderes da Frente, ressalta que a decisão abre um “precedente de extrema gravidade” e representa um “retrocesso inadmissível”, colocando em discussão a segurança e o bem-estar psicossocial de crianças e adolescentes. A parlamentar ainda acrescenta que a medida contraria a legislação brasileira, que prevê crime de estupro em relações sexuais com menores de 14 anos.
“A fixação de um limiar etário para o consentimento sexual constitui medida de proteção essencial, visando salvaguardar o público infantojuvenil contra abusos e explorações de natureza sexual, reconhecendo sua condição peculiar de desenvolvimento e a consequente incapacidade de consentimento válido para atos dessa complexidade”, escreveu.
A decisão
O caso foi parar na justiça de Minas Gerais, anos atrás, através de denúncia feita pela mãe da menina. Em primeira instância, o homem foi condenado a 11 anos e 3 meses de prisão. Porém, ele recorreu e, em segunda instância, foi afastada a presunção do crime. O Ministério Público, então, recorreu ao STJ que, no último dia 14 de março, confirmou a segunda sentença por 3 votos a 2.
Em seu voto, o relator do caso, ministro Reynaldo Soares da Fonseca, defendeu que o homem desconhecia a natureza criminosa da relação com a menor. Segundo o ministro, a relação foi uma “união estável”, ainda que de forma indevida e precoce, e acrescentou que o filho resultante seria prejudicado pela condenação.
Nesta terça-feira (19), mais 50 entidades ligadas aos direitos humanos emitiram nota de repúdio contra a decisão do STJ.