Deputadas do PSOL querem anular mudança de nome de assentamento do MST
De forma arbitrária, governo Tarcísio alterou de Che Guevara para Irmã Dulce nome de assentamento no Pontal do Paranapanema
Foto: Diógenes Rabello/MST
A deputada Mônica Seixas, representante do PSOL-SP na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), apresentou um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) com o intuito de anular a decisão do governo liderado por Tarcísio de Freitas, do partido Republicano, que propôs a mudança de nome de um assentamento pertencente ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A ação para revogar a determinação do governo paulista recebe o respaldo da também deputada federal Sâmia Bomfim, também do PSOL-SP.
Em 26 de março, a gestão de Tarcísio anunciou a mudança de nome da comunidade conhecida como Che Guevara desde 1991, para Irmã Dulce. Os habitantes do assentamento, situado em Mirante do Paranapanema (SP), foram surpreendidos com essa decisão inesperada. O MST emitiu um comunicado classificando a alteração como “antidemocrática”.
A modificação do nome foi viabilizada devido ao processo de regularização fundiária da área, que é de responsabilidade da Fundação Instituto do Estado de São Paulo (Itesp), um órgão do governo estadual.
“Por mais que o ato em si esteja nas competências do Poder Executivo”, diz o documento da parlamentar do PSOL, “seus atos não podem extrapolar o ordenamento jurídico”. Ao alterar o nome de modo unilateral, “sem qualquer procedimento democrático de oitiva e diálogo com a população”, argumenta, o governo estaria ferindo princípios constitucionais e internacionais, como a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho.
O projeto ficou cinco dias na pauta para possíveis emendas de outros deputados e será distribuído para comissões nesta semana, antes de ir a plenário.
“Foi um gesto autoritário do governador Tarcísio, mais uma vez, de ataque ao direito de auto-organização do Movimento Sem Terra. A homenagem ao Che Guevara foi feita por escolha dos assentados, porque representa a luta e os ideais dos sem-terra”, afirma Sâmia Bomfim.
Mônica afirma que a ação do governo Tarcísio pretende “descaracterizar o histórico de luta pela terra no Pontal do Paranapanema”.
“A população está indignada e nós também”, diz.
As deputadas reconhecem a importância de Irmã Dulce, mas defendem que a mudança arbitrária “caracteriza o assentamento sem sua autodeterminação, fere sua autonomia política e organizativa”.
“Não é um gesto arbitrário e autoritário que pode passar por cima de uma luta histórica e de um significado que é compartilhado”, diz Sâmia: “O assentamento Che Guevara é um dos mais consolidados, antigos e modelo do MST no Pontal do Paranapanema e merece respeito”.
*Com informações do Brasil de Fato