Mais de 32 mil palestinos morreram em seis meses de conflito em Gaza
A palestina Ahed Tamini - Reprodução

Mais de 32 mil palestinos morreram em seis meses de conflito em Gaza

Segundo a ONU, metade dos refugiados sofre com a fome e a falta de assistência

Tatiana Py Dutra 8 abr 2024, 17:13

Iniciado em 7 de outubro de 2023, o conflito entre Israel e Hamas completou seis meses no último domingo, computando perdas superlativas. Conforme o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, pelo menos 32.623 palestinos morreram – sendo cerca de 13 mil crianças e 9 mil mulheres –  e outros 75.092 ficaram feridos. Do lado israelense, o total de baixas é estimado em 1,2 mil.

Ainda conforme a ONU, 85% da população da Faixa de Gaza – onde viviam mais de 2,3 milhões de pessoas – teve de deixar suas casas e se refugiar em outras regiões dado o espectro da destruição e da desassistência. A população carece de alimentos, água, combustível e eletricidade – situação agravada pela política de controle do governo Benjamin Netanyahu, que barra a entrada de ajuda humanitária para as vítimas.

São constantes os apelos para abertura de caminhos para acelerar o fluxo de ajuda humanitária para o território, que, antes do conflito, recebia pelo menos 500 caminhões com alimentos e medicamentos.  Relatório da Integrated Food Security Phase Classification (IPC)  divulgado no mês passado projetou que “metade da população da Faixa de Gaza enfrente condições catastróficas” no que diz respeito à segurança alimentar.

Aumentaram os apelos para abertura de caminhos para Gaza para acelerar o fluxo de ajuda humanitária para o território, que, segundo a ONU, recebia diariamente pelo menos 500 caminhões antes da guerra. Em março, a média de entrada foi de 161 caminhões diários, segundo informações da agência da ONU para os refugiados palestinos.

Longe da trégua

No mês passado, o Conselho de Segurança das Nações Unidas determinou um cessar-fogo imediato e a libertação imediata e incondicional de todos os reféns. Porém, o governo israelense segue irredutível e faz planos para ampliar a ofensiva, em contínua retaliação ao atentado do Hamas que faz eclodir o conflito.

Há semanas, Israel ameaça fazer uma operação terrestre em Rafah, no sul da Faixa de Gaza – para onde cerca de 1,5 milhões de palestinos foram se refugiar. A ONU classifica essa possibilidade como uma catástrofe humanitária “além da imaginação”.

Em contrapartida, é crescente a pressão mundial pelo fim do conflito e mesmo dentro de Israel a maioria da população cobra um cessar-fogo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, a fim de libertar dezenas de reféns em poder do Hamas. A população também defende que o premiê deixe o cargo e convoque novas eleições.

A situação política de Netanyahu se tornou ainda mais crítica na semana passada, depois que sete agentes humanitários da entidade de assistência World Central Kitchen (WCK) foram mortos em um ataque em Gaza na segunda-feira. Israel qualificou o episódio como um “grave erro” e demitiu dois oficiais que lideraram o bombardeio, supostamente acidental.

As já abaladas relações de Israel com aliados tradicionais como Estados Unidos e Reino Unido se tornaram ainda mais delicadas. Em comunicado, o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak exigiu uma investigação transparente do ocorrido e disse que a situação em Gaza está ficando intolerável. Dentre os sete  mortos no ataque há três cidadãos britânicos.Na primeira conversa por telefone desde o ataque aos agentes humanitários, o presidente americano Joe Biden disse ao premiê israelense que o apoio dos EUA a Israel dependerá de medidas tomadas para “resolver os danos civis” em Gaza.

Mais de 200 agentes humanitários foram mortos na Faixa de Gaza desde outubro de 2023. Esse número é o maior da história da ONU – que estuda impor sanções a Israel se o cessar-fogo determinado pelo Conselho de Segurança não for atendido.


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