Parlamentares do PSOL questionam governo federal sobre contrato milionário entre FAB e empresa israelense
Brasil pagará R$ 86 milhões pela manutenção de dois drones. Contrato foi feito sem licitação
Foto: Reynaldo Ramon/USAF/Wiki
A deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) enviou aos ministérios da Defesa e das Relações Exteriores pedidos de informações sobre negócios vultosos firmados entre o Brasil e empresas israelenses. De todos, destaca-se um acordo milionário entre a Força Aérea Brasileira (FAB) e a Israel Aerospace Industries LTD, no valor de R$ 86,1 milhões, feito sem licitação. O documento é subscrito também pelos deputados Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e Glauber Braga (PSOL-RJ).
Revelado em março pela coluna de Petrônio Viana, do portal Metrópoles, o contrato visa a manutenção de dois drones Heron I RQ – 1150. O equipamento é operado pelo 1°Esquadrão do 7° Grupo de Aviação na base aérea de Santa Cruz (RJ). Com vigência de 58 meses, o negócio prevê cobertura de 2.417 horas de voo, visitas técnicas, revisão de motores e fornecimento de componentes.
O documento solicita um relatório das atividades realizadas pelos dois drones, além de informações sobre outros contratos com empresas israelenses atualmente vigentes.
“Existem contratos em processo de negociação com o Estado de Israel ou empresas israelenses de tecnologia militar, armamento ou munição? Quantos contratos foram assinados ou renovados com empresas israelenses desde outubro de 2023, data no início dos ataques de Israel em Gaza”, questionam os parlamentares.
Relações perigosas
Em documento de teor semelhante, encaminhado ao Ministério das Relações Exteriores, Fernanda, Sâmia e Glauber questionam as relações comerciais Brasil-Israel. O país do Oriente Médio vende ao mercado brasileiro equipamentos militares e de alta tecnologia e também exporta para brasileiros produtos como adubos e fertilizantes, aeronaves e produtos químicos. Só no ano passado, empresas brasileiras compraram US$ 1,352 bilhão de Israel.
No entendimento dos deputados, a manutenção desses contratos “se mostra como forma de financiar a continuidade do massacre histórico do povo palestino”. Eles acrescentam ainda ver as negoviações com “estranheza, vistas as manifestações públicas do governo federal que até então tem se posicionado publicamente a fim de reconhecer o genocídio na Faixa de Gaza realizado por Israel.”
“Principalmente pela declaração neste sentido feito em evento internacional pelo presidente Lula e também por Mauro Vieira, Ministro das Relações Exteriores que em uma cerimônia pública em Ramala classificou como ‘ilegal e imoral’ ação de Israel em Gaza. O ministro criticou Israel e a comunidade internacional pela ‘clara insuficiência da ajuda humanitária’.
O documento questiona ainda se o Itamaraty tomou conhecimento do contrato assinado entre a FAB e a Israel Aerospace Industries LTD, sobre a existência de outros contratos e, por fim, faz a pergunta que não quer calar:
“A pasta está comprometida com o rompimento das relações comerciais com Israel? Se sim, de que forma?”