Não é desastre, é política! | Capitalismo e dignidade humana não combinam
Nota do Emancipa RS sobre a catástrofe ambiental no estado
Foto: Caroline Ferraz/Wikimedia Commons
Nós, do Movimento Social de Educação Popular Emancipa do Rio Grande do Sul, nos solidarizamos com a população atingida por essa catástrofe sem precedentes na história do nosso estado.
Estamos mobilizados para apoiar a nossa comunidade, fortemente impactada pelos eventos da última semana, e atuando para contribuir com ações de solidariedade ativa em diversas frentes e municípios. Seja organizando abrigos, campanhas de arrecadação e de entrega de doações, temos orgulho em dizer que não nos faltam braços voluntários.
Porém, o que acontece hoje no RS só pode ser chamado de tragédia quando apontamos o despreparo dos organismos públicos em prever e prevenir as consequências desses fenômenos climáticos devastadores, já há muito anunciados.
A ciência mostra o quanto o ser humano vem impactando o clima do planeta. As mudanças climáticas são consenso entre pesquisadores(as) do clima, consequência do aquecimento global, com origem na ação humana no sistema capitalista. Eventos climáticos adversos já vêm se repetindo e não deverão diminuir de intensidade ou frequência. Ao contrário, só devem piorar.
Sendo assim, a Rede Emancipa do RS vem por meio desta nota reivindicar ações do poder público, não apenas para mitigar a dor das famílias que perderam suas casas e parentes, mas, principalmente, trabalhando ativamente para que situações como essa não se repitam.
É fato que os governos municipais e estadual, em nome da austeridade fiscal capitalista, desmontaram as políticas públicas de assistência social e defesa civil. Seja por interesses financeiros, negligência ou negacionismo, todos os níveis de poder lavam as mãos quando se trata de constituir políticas públicas que atuem no sentido de modificar a lógica do abuso ao nosso meio ambiente.
Não podemos aceitar os milhares de refugiados climáticos, em sua maioria pretos e periféricos. É preciso colocar a vida das pessoas no centro dos projetos de sociedade ao invés dos lucros privados e da pretensa dívida pública.