Após derrota, Macron dissolve parlamento francês
Se falhar em novas eleições, presidente pode ver expansão fatal da extrema direita
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Em uma manobra arriscada, o presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou neste domingo a dissolução do Congresso do país. A decisão ocorreu após a vitória da extrema direita local na votação que escolheu a nova formação do Parlamento Europeu, no domingo (9).
A medida é temerária até mesmo pelo histórico. Antecessores de Macron como François Mitterrand e Jacques Chirac tentaram o mesmo e viram a oposição (à época desse, de esquerda) ganhar espaço, e até conquistar a maioria. Uma derrota dessas daria espaço para uma extrema direita perigosa e crescente.
Convocando novas eleições legislativas para o fim deste mês, o atual presidente francês pretende reverter o fato de não ter maioria na Casa na Assembleia Nacional. Os parlamentares ficariam nos cargos até 2027.
Macron se amparou no artigo 12 da Constituição francesa, que permite ao presidente, “após consulta ao primeiro-ministro e aos presidentes das assembleias, pronunciar a dissolução da Assembleia Nacional”. O artigo aponta, ainda, que “as eleições gerais ocorrem no mínimo 20 dias e no máximo 40 dias após a dissolução”, e que “não pode haver o procedimento de uma nova dissolução no ano seguinte a essas eleições”.
“A ascensão dos nacionalistas, dos demagogos, é um perigo para a nossa nação, mas também para a nossa Europa, para o lugar da França na Europa e no mundo”, disse Macron em seu pronunciamento.
Números
De acordo com projeções das urnas, o Reagrupamento Nacional, partido de extrema direita liderado por Marine Le Pen e Jordan Bardella, recebeu 32% dos votos, mais que o dobro dos 15% da chapa de Macron. Os socialistas ficaram a um passo dele, com 14%.
Le Pen comemorou o resultado, que qualificou como “histórico”:
“Estas eleições históricas mostram que, quando o povo vota, o povo ganha”
Na eleição presidencial de 2022, Marine Le Pen obteve 13,2 milhões de votos, ou 41,45% dos votos válidos, na disputa contra Macron. Hoje, ao lado de Bardella, ela trabalha para amenizar a imagem da sigla junto à população, especialmente os mais jovens,