Otan pressiona China por apoio à Rússia
Líderes americanos e europeus acusam chineses de alimentar a máquina de guerra russa contra a Ucrânia
Foto: Kremlin/via Fotos Públicas
Além de discutirem a aprovação de um novo pacote de ajuda militar para a Ucrânia, os chefes de Estado reunidos na cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em Washington, debatem como lidar com o apoio da China à Rússia. Em entrevista concedida à imprensa americana antes do encontro, o secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg, descreveu a China como “o principal facilitador da guerra da Rússia contra a Ucrânia”.
Pequim tem negado repetidamente o fornecimento de armas a Moscou. No entanto, a Otan acusou a China de alimentar a máquina de guerra russa fornecendo componentes essenciais. De acordo com o governo dos EUA, o país é o principal fornecedor de máquinas-ferramentas, microeletrônica e nitrocelulose – usado para a fabricação de munições e propulsores de foguetes – para Moscou.
O comportamento da China durante a guerra na Ucrânia está sendo visto pelos países da Otan como prova de que a Europa não pode se dar ao luxo de ignorar o desafio que Pequim representa. Até o final de 2019, a China não havia sido mencionada em documentos públicos de alto nível da Otan. Mas, em seu mais recente conceito estratégico, acordado em Madri em 2022, a aliança descreve as ambições de Pequim como um desafio à sua segurança.
Conforme Liselotte Odgaard, do instituto conservador Hudson, de Washington, foi no governo de Donald Trump que as relações de Otan e China começaram a mudar, uma vez que o ex-presidente norte-americano considerou a China a principal ameaça aos seus interesses de segurança por um longo tempo.
“E eles [os EUA] convenceram e pressionaram a Europa a enxergar que a China também é um problema para os europeus e para todo o sistema de alianças dos EUA”, explica.
A estratégia de resposta da Otan, por ora, será fortalecer a cooperação europeia com parceiros asiáticos, como o Japão e a Coreia do Sul, para que se juntem ao esforço de proteger a Ucrânia. E, ao que tudo indica, a aliança pode ser bem sucedida.
Em junho, o conselheiro de segurança nacional da Coreia do Sul, Chang Ho-jin, disse em coletiva de imprensa, que Seul analisa a possibilidade de fornecer armas à Ucrânia, após os líderes da Coreia do Norte e da Rússia assinarem um pacto comprometendo-se com a defesa mútua em caso de guerra. Meses antes, o primeiro-ministro japonês afirmou no Congresso dos EUA que “a Ucrânia de hoje pode ser o Leste Asiático de amanhã”.