RS: voluntárias de abrigo de animais pedem socorro
Após desastre climático, 300 cães e gatos necessitam de apoio para sobreviver
Foto: Jurgen Mayrhofer/Ascom SSPS
A deputada estadual Luciana Genro e o vereador Roberto Robaina, ambos do PSOL, visitaram o abrigo Resgatados Centro Vida, que tem recebido animais da região metropolitana de Porto Alegre, tanto resgatados das enchentes quanto de situações de maus tratos. Atualmente, o local conta com cerca de 15 voluntários para atender quase 300 animais e não tem nenhum apoio do poder público.
O abrigo funciona em um prédio do Governo do Estado, que estava abandonado e foi ocupado por protetoras de animais durante a tragédia que ocorreu no Rio Grande do Sul. O local então foi cedido para uso da Prefeitura de Porto Alegre, para abrigar esses animais. Entretanto, até o momento, a prefeitura tem se isentado da responsabilidade sobre esses animais, despejando tudo nas costas dos voluntários. A equipe de voluntários que administra o abrigo tem buscado contato com o governo municipal, cobrando assistência, mas suas demandas nunca são atendidas.
“Nós estamos buscando construir uma rede de protetores, protetoras e ONGs para agir em situações como essa. Os voluntários são heróis nesses momentos, mas a responsabilidade não pode ser só deles, a causa animal é de responsabilidade do poder público, esse descaso é revoltante”, destacou Luciana Genro.
O abrigo também está acolhendo 50 animais que possuem tutores, que estão residindo no Centro Humanitário de Acolhimento Vida, administrado pelo Governo do RS e gerido pela Agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para as Migrações (OIM). Entretanto, o abrigo Resgatados Centro Vida não está recebendo respaldo do Estado para atender esses animais.
“Nós visitamos o Centro Vida, vimos que as pessoas deste local estão em condições muito melhores que em abrigos provisórios, onde a situação é precária. O que nos preocupou é que os animais dessas pessoas estão no abrigo provisório, sendo sustentado por voluntários esgotados, sem ajuda dos Governos Municipal e Estadual, exceto a contratação de veterinários. Sem ajuda na alimentação, na segurança e, quando as pessoas chegam ao Centro Humanitário, os animais são enviados para o abrigo sem aviso, o que é uma loucura. Não é possível que o poder público não ampare esse abrigo, as pessoas voluntárias estão esgotadas”, pontuou o vereador Roberto Robaina.
Além de cães, o abrigo também recebe gatos, atualmente acolhendo 80 felinos, que estão necessitando de vacinas, porém as únicas recebidas foram 24 doses de doações particulares. A prefeitura não arca com os custos de internação, nem castração e vacinação de nenhum dos animais. Os valores utilizados para atendê-los sai do bolso dos próprios voluntários.
Com a situação, 15 filhotes já vieram a óbito, devido à falta de estrutura, de vacinação e ao contato direto com outros cães. As coordenadoras voluntárias estão organizando uma das salas desocupadas para servir de “berçário”, entretanto, o local, assim como outros espaços do prédio, está com diversos danos na estrutura. Apesar da situação, as voluntárias encontram resistência da prefeitura para conseguir reparar o local.
A deputada Luciana Genro se comprometeu em agendar uma reunião com o vice-governador do Estado para debater a necessidade de tornar o abrigo uma extensão do Centro Humanitário, respaldado pelo Governo Estadual. O vereador Roberto Robaina irá encaminhar uma audiência pública na Câmara Municipal para tratar do assunto e debater soluções para auxiliar o funcionamento do abrigo.
A promotora de Justiça Annelise Steigleder também já entrou com uma ação no Ministério Público, alegando maus tratos por parte da prefeitura. Além disso, a questão da segurança no local também é precária, já que o abrigo não conta com seguranças próprios e os voluntários precisam realizar o controle de todos que acessam o local.