Incêndios em São Paulo tem origem criminosa, diz ministra
Dois homens foram presos no final de semana no interior de SP. Um deles foi flagrado ateando fogo em área verde. PF investiga se ação foi orquestrada
Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
O governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos) decretou situação de emergência em 46 cidades do interior do Estado devido ao número recorde de incêndios florestais registrados desde a última semana. Na sexta-feira (23), Ribeirão Preto e região registraram mais de 2,3 mil focos de fogo – e outros 305 incidentes foram registrados no sábado (24), segundo informações do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
E neste final de semana dois homens foram presos por suspeita de iniciar as chamas. Um deles foi flagrado enquanto ateava fogo em uma mata próxima à região central de Batatais. Ele portava consigo uma garrafa com gasolina, um isqueiro e o telefone celular, onde havia vídeos em que ele comemorava os incêndios de grandes proporções na região.
No domingo (25) , a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, anunciou que a Polícia Federal (PF) vai investigar a possível origem criminosa das queimadas. A hipótese é que tenha havido uma ação criminosa similar ao “dia do fogo” – uma ação orquestrada por criminosos que ateou foto em mais de 470 propriedades em 2019.
“Há uma forte suspeita de que está acontecendo de novo”, afirmou Marina. “Nesse momento é uma verdadeira guerra contra o fogo e a criminalidade. Tem uma situação atípica. Você começa a ter em uma semana, praticamente em dois dias, vários municípios queimando ao mesmo tempo. Isso não faz parte de nossa experiência de combate ao fogo”, disse.
Conforme especialistas, os múltiplos focos de incêndio podem ser atribuídos a um conjunto de fatores, como a chuva abaixo da média nos últimos meses, o tempo extremamente seco no mês de agosto e os fortes ventos. Contudo é a contribuição humana o fator decisivo. Conforme o capitão da polícia militar Roberto Farina Filho, 90% dos incêndios florestais são causados por uso inadequado do fogo.
“Acontece de forma simples, como um bituca de cigarro jogada na beira da estrada”, disse o militar à Record News.
Fugindo do fogo
O governo de SP instalou um gabinete de crise para acompanhar os incêndios florestais. Uma das primeiras medidas foi solicitar apoio das Forças Armadas para combater as chamas no interior de SP a partir de domingo (25). As atividades devem ser centralizadas em Ribeirão Preto
A crise é mais grave em Ribeirão Preto. Neste domingo, conforme boletim da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), a qualidade do ar no município foi qualificada como péssima. O órgão orientou que pessoas cardíacas ou com doenças pulmonares, idosos e crianças evitassem qualquer esforço físico ao ar livre. As aulas na rede municipal estão suspensas a partir de hoje até segunda ordem. As operações no aeroporto foram interrompidas e voos cancelados.
Em Altinópolis, 500 pessoas precisaram de atendimento médico após inalarem fumaça por conta de incêndio que começou próximo a uma rave.