Motivo nos sobram: entre as tarefas do presente e a Conferência Antifascista
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Motivo nos sobram: entre as tarefas do presente e a Conferência Antifascista

A luta contra a extrema direita está no centro do debate público no Brasil e no mundo

Israel Dutra e Roberto Robaina 19 ago 2024, 09:45

Foto: Reprodução

Na semana em que começam as eleições municipais, onde a militância vai se jogar pelos próximos cinquenta dias, queremos aqui também chamar atenção para uma grande tarefa dos próximos meses, que se articula e se combina com a luta por vitórias eleitorais.

O esforço pioneiro de convocar uma conferência internacional para combater a extrema-direita uniu o PSOL e o PT de Porto Alegre, mesmo antes do período eleitoral. A ideia já vinha sendo debatida em espaços locais e internacionais, entre intelectuais como Eric Toussaint e outros, mas foi materializada na convocatória feita pelos presidentes dos dois partidos na capital gaúcha.

Com adesão em seguida de importantes sindicatos, centrais e do MST, a convocatória correu o mundo e chegou a 30 países confirmados, dos cinco continentes, com importantes organizações e personalidades. O resto da história é conhecida. As catástrofes climáticas que assolaram o Rio Grande do Sul – e que até hoje pautam o centro do debate político – impediram a realização da Conferência na data proposta. Contudo, a partir da reunião do comitê local, se coloca em marcha, a convocatória para uma nova data.

Coordenar as respostas no âmbito internacional

Motivos não nos faltam. Podemos dizer que 2024 está conhecendo o ápice da luta que a extrema-direita empreende para reverter as conquistas – mesmo limitadas – da democracia liberal.

O projeto mais acabado da extrema direita é destruir Gaza, com uma “solução final” amparada no terrorismo de estado, por parte de Israel, orientada pelo “supremacismo branco”. É um genocídio que comove a humanidade.

No terreno eleitoral, a disputa mais importante é nos Estados Unidos, onde Trump tenta retomar o governo. As eleições europeias fizeram soar um alarme, pelos resultados da extrema-direita em muitos países, na França e na Alemanha, por exemplo. A vitória eleitoral da Nova Frente Popular foi um sopro de esperança.

Os recentes acontecimentos no Reino Unido atualizaram a forma dos embates. No caso inglês, a luta saiu do terreno eleitoral e tomou força de enfrentamentos massivos, contra os crimes que os neofascistas estavam a incitar contra os imigrantes.

Está em jogo coordenar uma resposta mais geral, que defenda um programa e mobilize contra aqueles que querem destruir as liberdades democráticas.

CPAC, Brasil e eleições

A extrema direita, por sua vez, escolheu o Brasil para realizar seu encontro, em Camboriú, em julho. Foi uma celebração de suas ideias, com a presença de Milei como estrela, junto ao clã Bolsonaro. O CPAC (Conservative Political Action Conference) nasceu nos Estados Unidos no ano de 1974. Agora ganhou nova vida com o auge da extrema-direita contemporânea.

As aparições de Bolsonaro indicam três elementos, de forma imediata: a) a extrema direita está coordenada na região e tem em Milei seu carro-chefe para passar seus planos, sendo a Argentina um verdadeiro laboratório; b) a operação sincronizada envolve Musk, um plano para as redes e a disputa das próximas eleições em vários países; c) a eleição municipal está na mira da extrema direita brasileira como antessala para 2026.

Ou seja, nenhuma eleição municipal desde a redemocratização foi tão marcada pela luta entre o projeto autoritário da extrema direita e as unidades eleitorais com base em tarefas democráticas, na linha de construir um “muro” contra tais ameaças.

Uma das caraterísticas da presente eleição é a conversão “bolsonaristas” de lideranças pragmáticas, à direita, como o caso de Sebastião Melo em Porto Alegre e Ricardo Nunes em São Paulo.

Lutar e vencer, agora, em outubro e em maio

Nos próximos cinquenta dias combateremos as propostas reacionárias, apresentando um programa concreto, de enfrentamento, com eixo na mobilização.

Em Porto Alegre, se reúnem condições excepcionais para a luta política- uma aliança aos moldes de um tipo de “frente popular”, a escolha simbólica para sediar a luta antifascista e o aprendizado de massas diante da catástrofe climática.

No Brasil inteiro disporemos os melhores esforços para obter vitórias eleitorais que fortaleçam a luta antifascista, com vistas às batalhas que estão pela frente. E a Conferência de 2025 será um passo decisivo. Motivos temos em demasia.


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Pedro Micussi