Novas assembleias devem ampliar greve dos Correios
greve dos Correios

Novas assembleias devem ampliar greve dos Correios

Dos 36 sindicatos da categoria, 10 já paralisaram. A partir de hoje, trabalhadores se reúnem em novas assembleias para avaliar se aderem à mobilização

Tatiana Py Dutra 14 ago 2024, 11:36

foto: ULB/Divulgação

Desde o dia 7 de agosto, trabalhadores dos Correios de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, Piauí, Maranhão, Tocantins, Alagoas, Amapá e Ceará entraram em greve por tempo indeterminado. Segundo a Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect), a adesão ao movimento alcança cerca de 70% do efetivo. E a mobilização tende a crescer.

Isso porque há 31 sindicatos na base da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect) e cinco na Findect – e só 10 deles decretaram greve. Os demais deixaram a decisão para meados de agosto. A Unidade e Luta pela Base (ULB), que representa carteiros e carteiras, OTT’s e atendentes da empresa em São Paulo, marcou para essa quarta-feira, às 16h, uma assembleia geral para avaliação da greve, A atividade ocorrerá na quadra da Peruche, no Jardim das Laranjeiras.

O objetivo a partir de agora é unir a base dos 36 sindicatos da categoria para derrotar o governo, a direção da empresa e avançar nas conquistas. Os trabalhadores exigem a diminuição dos custos do plano de saúde, um reajuste salarial imediato e uniforme, aprimoramento dos benefícios, reajuste para as funções dos motorizados (motociclistas e motoristas) e a realização de um concurso público.

Os servidores rejeitaram a primeira proposta da empresa, que sugeria um aumento de 6,05% nos salários a partir de janeiro de 2025 e um reajuste de 4,11% nos benefícios a partir de agosto de 2024. Os Correios também propuseram uma melhoria com um aumento de 20% na remuneração dos funcionários que desempenham funções motorizadas. Em relação ao plano de saúde, a empresa sugeriu uma alteração no regulamento para reduzir a coparticipação de 30% para 15%, com previsão de implementação no próximo mês, após a realização dos ajustes necessários para cumprir as normas vigentes.

“A insatisfação dos trabalhadores é evidente e se reflete na rejeição unânime à proposta da ECT. A proposta da empresa não prevê reajuste salarial imediato, adiando-o para janeiro de 2025, e ignora a recuperação dos benefícios retirados nos últimos anos. Outro ponto crítico é o plano de saúde, que consome mais de 30% dos salários dos trabalhadores, comprometendo sua qualidade de vida”, diz em nota a Findect.

Conjuntura

Nota divulgada pela direção da ULB, avalia que a chegada do governo Lula ao poder – e a condução de Fabiano Silva dos Santos à presidência da companhia em nada significou melhorias nas condições de vida e trabalho da nossa categoria

“Os manuais da empresa, alterados pelos governos Temer e Bolsonaro continuam os mesmos. Fabiano, sob a batuta do governo Lula, tem mantido o DDA [Distribuição Domiciliária Alternada], o SD da Morte, só promessas em relação ao concurso público como forma de combater a sobrecarga de trabalho, PDV atrás de PDV aumentando ainda mais a sobrecarga do efetivo remanescente”, diz o comunicado.

Segundo a organização sindical, desde o primeiro governo Lula cerca de 35 mil trabalhadores deixaram o serviço público por meio de planos de demissão voluntárias (PDVs) e planos de desligamento incentivados (PDIs), além das aposentadorias.
“Ainda assim a direção da empresa protela o concurso praticamente com o silêncio quase absoluto das federações Fentect e Findect”, critica a ULB.

A campanha salarial 2024 coloca em xeque dirigentes sindicais faziam da manutenção de Fabiano na presidência da empresa. Até então tido como “progressista e pró-trabalhador ecetista”, ele agora simboliza a decepção dos funcionários dos Correios, que esperavam presteza na melhoria de suas condições de trabalho.

“Nós da ULB reafirmamos nosso compromisso de luta com nossa categoria e não temos medo de afirmar que, seja quem estiver na direção da empresa, está a serviço do governo e contra os trabalhadores, também por esse motivo não merece, nem nossa confiança nem nossa defesa. Fique atento para não ser usado como massa de manobra”, alerta a União e Luta pela Base.


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