07/09 de Bolsonaro: a extrema direita levanta a cabeça, hora da esquerda afirmar seu programa
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07/09 de Bolsonaro: a extrema direita levanta a cabeça, hora da esquerda afirmar seu programa

O ato esvaziado em São Paulo aconteceu em meio à divisão eleitoral do bolsonarismo na cidade

Israel Dutra e Roberto Robaina 9 set 2024, 18:17

Foto: Reprodução/TV Globo

Há menos de trinta dias para o primeiro turno das eleições municipais, a política brasileira segue conflagrada. Enquanto o Brasil registra a maior onda de calor de sua história em pleno inverno(!), a dinâmica eleitoral se impõe nas grandes e médias cidades.

No dia 7 de setembro, Bolsonaro e seus apoiadores protagonizaram um ato nacional na Avenida Paulista, com fins de impactar as últimas semanas da campanha eleitoral e atacar Alexandre de Moraes. A ironia da história é que em pleno dia da Independência (mais formal que real), a turba bolsonarista ocupou as ruas para defender a ingerência de Musk nas redes sociais e na vida política do país.

Um ato menor do que o previsto

Se comparado com o ato de fevereiro, podemos dizer seguramente que o ato foi menor. Sem um número preciso divulgado pelos organizadores, a Folha de São Paulo falou em 45,5 mil pessoas, segundo seu levantamento próprio.

Bolsonaro foi enfático, a favor da anistia para os presos do 8 de janeiro, ladeado de Tarcísio e Malafaia. Não faltaram impropérios para Alexandre de Moraes e o Supremo, condensando o programa imediato dos golpistas para retomar a iniciativa, após o resultado eleitoral.

No que diz respeito à tática eleitoral, um dos objetivos do ato, reinou a confusão com a troca de farpas entre Marçal, que foi vetado de subir no carro de som, e Bolsonaro. Nunes ficou apagado, ainda que fiel ao clã Bolsonaro. Pretendem acelerar a campanha e subir o tom nos próximos dias.

Dois pesos, duas medidas

Por um lado, devemos apoiar as medidas do STF quanto a Elon Musk e a nossa soberania digital – um passo que deve ser acompanhado da regulamentação e um plano sério da democratização da internet, por outro é patente que estamos aquém na luta contra o golpismo.

O governo e os setores majoritários que o compõem – com peso importante no movimento de massas – não convocam manifestações nem tomam medidas efetivas para punir e desmoralizar os golpistas. As negociações com o Centrão, que começam acontecer pela sucessão da presidência da Câmara, estão marcadas por recuos e concessões de parte do governo.

Os setores burgueses liberais não vão mais longe contra o golpismo porque estes mesmos que tentaram o golpe são ativos defensores das privatizações, da precarização do trabalho, do ataque aos planos sociais e aos servidores públicos, além das garantias das políticas de juros elevados e salários baixos. Ou seja, estão unidos na defesa do neoliberalismo, programa comum da burguesia liberal democrática e da extrema direita

Se perde uma oportunidade aberta com o fiasco do “capitólio brasileiro” para tomar medidas “duras” contra os golpistas, empresários, militares e membros de forças de repressão, nos apoiando nas pesquisas de opinião, que endossam, majoritariamente, a bandeira do Sem Anistia.

Derrotar a extrema direita nas ruas e nas urnas

Em um cenário ainda incerto, as pesquisas eleitorais indicam a polarização com um “bolsonarismo convertido” em Porto Alegre, com Melo, e São Paulo, com Nunes. Marçal corre por fora, como figuras Wagner em Fortaleza e Tramonte em BH; em capitais como Rio e Recife, os setores fisiológicos associados ao lulismo, Paes e Campos, respectivamente, estão disparados, devendo ganhar no primeiro turno.

O Centrão, já referido, aposta na ampliação de sua musculatura eleitoral para defender e ampliar seus privilégios dentro desse regime, servindo aos interesses das elites locais. Esse setor deixa as portas abertas para transações diretas ou indiretas com golpistas, vide o papel de Lira e de Kassab(e seu PSD), como duas faces da mesma moeda.

O lugar da esquerda é a defesa intransigente dos direitos do povo – expresso num programa para as eleições, que estimule a organização e mobilização popular; não se pode deixar contaminar com o chamado “realismo político” que leva muitas lideranças a abdicarem do programa por mudanças para se adaptar às pressões empresariais e das camadas médias atrasadas. É preciso construir a confiança nas forças da própria classe e de todo povo, com um programa baseado na defesa dos direitos sociais, na necessidade de uma transição ecossocialista e no enfrentamento ideológico, material e político contra a extrema direita.


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Pedro Micussi