Exército desiste de comprar blindados de Israel
Pressão de partidos da esquerda foi fundamental na decisão
Foto: Vinicius Loures/Agência Câmara
Após forte pressão dos partidos de esquerda, o Exército Brasileiro desistiu da aquisição de 36 blindados de uma empresa israelense ao custo de R$ 1,2 bilhão. A Elbit Systems venceu a licitação aberta em abril, mas dirigentes do PT e parlamentares de PT, PDT, PCdoB e PSOL questionaram a compra argumentando que o dinheiro seria aplicado nas ações genocidas de Israel contra a Palestina e o Líbano.
À contragosto, o ministro da Defesa, José Múcio, confirmou a desistência durante evento na Confederação Nacional da Indústria (CNI), na semana passada.
“Houve agora uma concorrência, uma licitação, e venceram os judeus, o povo de Israel. Mas, por conta da guerra, do Hamas, os grupos políticos, nós estamos com essa licitação pronta, mas por questões ideológicas nós não podemos aprovar”, disse, não sem argumentar que a licitação havia recebido parecer favorável do Tribunal de Contas da União (TCU).
A resistência da ala mais à esquerda do parlamento começou a tomar forma em março, quando veio à tona um contrato, sem licitação, firmado entre a Força Aérea Brasileira (FAB).
e outra empresa israelense, a Israel Aerospace Industries LTD. O Brasil pagou R$ 86 milhões pela manutenção de duas aeronaves remotamente tripuladas, entre outros serviços..
Imediatamente, a deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) cobrou explicações do Ministério da Defesa.
“A continuidade de qualquer tipo de contrato entre Brasil e Israel se mostra como forma de financiar a continuidade do massacre histórico do povo palestino”, argumentou.
O vice-presidente do PT, deputado Washington Quaquá, fez coro:
“Israel não tem uma aliança estratégica com o Brasil. É preferível fazer acordos com a Itália e a França, que são muito próximas do Brasil do ponto de vista militar. A França já faz submarinos com a gente. No mercado, tem China, Rússia e, mesmo, os Estados Unidos”, disse.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) ainda sugeriu o cancelamento de contratos já firmados com empresas israelenses cujos fornecedores possam ser substituídos.
Após mais de um ano atacando impiedosamente a população da Faixa de Gaza, na Palestina, Israel iniciou ataques contra a capital do Líbano, Beirute. A meta de Benjamin Netanyahu seria, supostamente, aniquilar os grupos Hamas e Hezbollah. O custo dessa ambição: mais de 50 mi mortes.