O que está em jogo nas próximas eleições?
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O que está em jogo nas próximas eleições?

As eleições de domingo serão um momento central para combater a extrema direita e afirmar polos combativos nas cidades

Israel Dutra e Roberto Robaina 5 out 2024, 09:55

O próximo domingo será de eleições em todo país. O primeiro turno das eleições municipais terá a disputa de 5569 prefeituras e cerca de 58 mil cadeiras de vereadores, uma verdadeira maratona que chega ao fim de sua primeira etapa. Nos referimos ao quadro geral e nossas principais batalhas no último editorial. Aqui reforçamos as tendências mais desenvolvidas às vésperas do processo.

Em primeiro lugar, é uma eleição que demonstra certo estado de apatia no âmbito do movimento de massas. Pouca incidência de lutas sociais, a quase inexistência de grandes comícios, caminhadas e concentrações, mesmo nas principais cidades. Essa tendência favorece à consolidação de um prognóstico em que primam as reeleições, a passagem ao segundo turno de atuais prefeitos com favoritismo e a de seus indicados mais próximos.

Por outro lado, também se manifesta um importante espaço para a esquerda, confirmado pelo apoio a candidaturas do PSOL (ou do PT, nas cidades onde estes partidos são aliados). Principalmente nas grandes cidades, onde existem expressivas parcelas anti-bolsonaristas da população, existe o voto orientado contra a extrema direita e pela ampliação da democracia que demonstra um importante campo para as ideias socialistas de mudança.

Por mais que existam dificuldades, há uma politização na sociedade, herdeira da experiência traumática do bolsonarismo e da resistência de setores de massas contra a extrema direita. Como ainda não há uma alternativa global crítica ao regime político, esta politização não se expressa diretamente no entusiasmos de amplos setores com as alternativas eleitorais de esquerda. Mas, ao mesmo tempo, se desenvolve um polo crítico cada vez mais definido ao redor de pautas programáticas radicais.

Temos o orgulho de receber, entre as várias candidaturas do MES, o apoio de parte importante deste ativismo e da intelectualidade crítica que surge como referência para uma importante vanguarda. Camaradas como Vladimir Safatle, Ricardo Antunes, Rita von Hunty, Christian Dunker, Rosa Marques, Rosana Pinheiro Machado, Henrique Carneiro, Jones Manoel, Tânia Farias, entre outros, são expressões deste processo de reagrupamento ao redor de ideias radicais que cerra fileiras conosco nas eleições e terão um papel muito importante nas próximas lutas.

Além disso, vemos o fortalecimento do campo político conhecido como “centrão”, que prima pela sua indeterminação e fisiologismo, com capacidade de realizar alianças à esquerda e à direita (por vezes até a extrema direita) e defender seus interesses mais particulares e paroquiais. Paes e Kassab, para tomarmos dois exemplos, são expressão dessa linha. Em geral, o centrão apela para a defesa de um programa inclinado mais à direita, com corte neoliberal em muitas agendas, mas sem se reduzir ao núcleo bolsonarista e golpista, tomando distância do “núcleo ideológico” do pensamento da extrema direita.

Ainda com muitas indefinições, é possível que a extrema direita ganhe musculatura, sobretudo nas câmaras municipais, mas sem dar um salto de qualidade que possa anunciar Bolsonaro como vencedor do pleito municipal. A presença de bolsonaristas no segundo turno pode polarizar certas disputas. Não se descartam fenômenos de extrema direita, por fora dos aparelhos tradicionais, como o caso emblemático de Marçal, que divide um triplo empate técnico com Boulos e Nunes e vai contra a orientação oficial do bolsonarismo.

A esquerda, seja na composição de alianças e unidades como o caso de Porto Alegre, São Paulo, Natal e Goiânia, para citar onde possibilidades de segundo turno, seja com o PSOL encabeçando um programa onde o PT fez inflexões para partidos tradicionais, luta para manter seu patamar de votos. Se nota uma separação entre o engajamento de quem “vive” o mundo político e a massa desinteressada, refletindo a tendência à institucionalização da esquerda e a orientação do governo de não “colocar o dedo nas feridas”. A linha do PT e de Lula não foi de polarizar ao redor de temas como a crise climática e a necessidade de colocar Bolsonaro e seus comparsas na prisão, sem aumentar a temperatura política do debate.

É, portanto, uma situação grave porque a crise social escala enquanto se desenvolve a disputa municipal, como podemos ver na onda de calor, nas queimadas e no agravamento das condições de vida, que vai na contramão da política fiscal do governo e do ajuste propagado por Haddad e Galípolo.

Vamos às urnas domingo, com duas grandes missões: criar um muro contra a extrema direita e dar musculatura a um programa e a um projeto.

Votamos nos candidatos do PSOL 50, nas unidades eleitorais à esquerda (com PT, PCdoB e Rede) e nos preparamos para as batalhas do dia seguinte, com nossos tribunos do povo a serviço das lutas, ampliando a bancada da esquerda no parlamento. Nesse sentido, as candidaturas do MES e seus aliados realizam campanhas combativas na expectativa de bons frutos que projetem nossas lideranças para lutar nas câmaras, hoje, amanhã e depois. A serviço dessa batalha vamos eleger nossas figuras comprometidas com a ideia coletiva de que os mandatos dos comunistas são ferramentas a serviço da mobilização e da construção de uma alternativa, atuando como caixa de ressonância das lutas populares.

E não poderíamos deixar de falar da solidariedade ao povo palestino e libanês diante do genocídio promovido pelo supremacista Netanyahu, com a cumplicidade dos Estados Unidos e das grandes potências ocidentais. E com essa solidariedade também nos apresentamos à luta no dia 6 de outubro.


TV Movimento

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Pedro Micussi