Santa Maria: Nossa vitória não foi por acidente!
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Santa Maria: Nossa vitória não foi por acidente!

Sobre a eleição da vereadora do PSOL, Alice Carvalho, em Santa Maria/RS

As eleições de 2024 já ficaram marcadas na história do PSOL gaúcho. Pela primeira vez, conquistamos uma cadeira na Câmara de Vereadores de Santa Maria, importante cidade universitária do centro do estado, com tradição de lutas. Quatro anos após ter se sagrado a candidata mais votada da cidade, com 3.371 votos, porém sem ser eleita por conta do quociente eleitoral, a jovem psicóloga e militante, Alice Carvalho, finalmente teve seu nome incluído entre os 21 vereadores e vereadoras eleitos, sendo, novamente, a mais votada, desta vez, com 4.129 votos! Uma entre as apenas três mulheres que ocuparão a Câmara a partir de janeiro de 2025. A primeira vereadora do PSOL também foi a única pessoa negra a conquistar uma vaga, o que só aumenta a nossa responsabilidade diante de pautas como o antirracismo. Alguns fatores foram decisivos para que não se repetisse, este ano, o sentimento de frustração deixado pela votação recorde em 2020 que, por outro lado, não culminou na garantia de uma cadeira para o PSOL, como já foi mencionado acima.  

Em primeiro lugar, citamos o esforço feito, ao longo de todo o último período, para garantir que tivéssemos uma nominata grande e qualificada o suficiente para que não viéssemos a esbarrar novamente no quociente eleitoral. Podemos afirmar, sem medo de erro, que o PSOL Santa Maria teve, nestas eleições, a maior e mais diversa nominata de candidatas e candidatos à Câmara de Vereadores, expressando as potencialidades e as demandas de diferentes setores da cidade, tais como a juventude, servidores municipais, mulheres, negritude, LGBTs, pessoas idosas, causa animal, movimento comunitário, combate à intolerância religiosa, entre outros. Mais do que apenas votos, cada uma dessas candidaturas dá ao nosso partido, uma maior legitimidade para atuar nessas várias frentes.

Outro elemento que não podemos deixar de mencionar, foi a opção por uma candidatura própria do PSOL à Prefeitura, através do companheiro Alidio da Luz, psicólogo e presidente municipal do Partido, e da candidata a vice, a professora aposentada Marisa Carvalho. Desde 2016 o PSOL não apresentava o seu projeto para a cidade em uma candidatura majoritária, e sem dúvida, o espaço que ocupamos no debate político, ajudou a projetar o conjunto dos nossos candidatos. O que mostra a importância e o acerto de defender o nosso programa mesmo em cenários aparentemente adversos.

Nenhum desses fatores, porém, seria capaz de garantir essa conquista histórica, se não fosse um outro, expresso na votação recorde da companheira Alice Carvalho. A força da política do PSOL, do legado de nomes como o de Marielle Franco, Fernanda Melchionna e Luciana Genro das lutas feminista e negra e, é claro, da própria Alice, que representa uma sintese de todos esses elementos. 

Em uma eleição mais atípica do que o normal, sem ou muito pouca empolgação, fizemos uma campanha com um certo movimento, animando a militância do Partido, e buscando aproximar novos ativistas, alguns dos quais estiveram nas ruas divulgando conosco o programa do PSOL e as nossas candidaturas. Ganhar cada um deles e delas para as nossas fileiras, estará entre as nossas prioridades para o próximo período. Para além, também, tivemos o apoio dos camaradas do PCBR/SM desde o início desse processo. 

Também teremos o desafio de fazer jus à expectativa de milhares de apoiadores, que depositaram na urna, a confiança em nosso projeto radical e combativo. Organizar parte desses votos em militância orgânica é fundamental para seguirmos avançando. Queremos, como dissemos ao longo de toda a campanha, fazer do nosso mandato na Câmara de Vereadores, uma trincheira das principais lutas do povo, denunciando os ataques que vierem do próximo governo municipal eleito, seja ele a continuação da atual gestão da direita tucana com Rodrigo Décimo (PSDB), seja o projeto insuficiente de conciliação proposto pela aliança PT/União Brasil com Valdeci de Oliveira à frente. Sem perder a bússola do internacionalismo militante.

Entendemos a conquista desse lugar no parlamento municipal, como um passo adiante na nossa luta pelo enraizamento do MES/PSOL em Santa Maria. Será também a serviço da construção desta importante ferramenta da classe trabalhadora e da juventude que estará nosso futuro mandato.

O resultado do primeiro turno das eleições deste ano mostram a continuidade do crescimento político do “centrão”, com suas heterogeneidades e diferenças regionais, por isso a eleição de um mandato do MES/PSOL, capitaneado por uma mulher negra da periferia, em uma cidade do sul do Brasil, onde será a única pessoa negra dentre os 21 que ocuparão tal cargo, é ainda mais importante para seguir a luta contra a extrema direita e o bolsonarismo. Por óbvio, também, dar continuidade na luta pela construção de uma esquerda que combata o neo reformismo de esquerda, de frente. Nossas tarefas não serão pequenas, assim como a nossa vontade de supera-las..  


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Pedro Micussi