Boulos e a urgência de uma esquerda antissistêmica: a defesa do socialismo como caminho
Uma reflexão sobre as últimas eleições paulistanas
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
A candidatura de Guilherme Boulos à prefeitura de São Paulo trouxe à tona um debate crucial para a esquerda contemporânea: a necessidade de retomar seu caráter antissistêmico. Com um histórico de lutas e compromissos com as causas populares, Boulos representava a chance de uma verdadeira ruptura com a política elitista que define São Paulo. No entanto, sua campanha tomou um rumo centrista, buscando um discurso mais moderado e conciliador. Essa escolha enfraqueceu a força transformadora que sua candidatura poderia ter alcançado e frustrou uma base que esperava ver defendidas pautas socialistas radicais e populares.
Ao adotar essa postura moderada, Boulos deixou de representar uma alternativa real às políticas de exclusão que dominam a cidade. Em vez de um confronto direto com os interesses que perpetuam a desigualdade, sua abordagem centrista acabou diluindo temas essenciais, como a expropriação de imóveis ociosos, a taxação das grandes fortunas e o enfrentamento da especulação imobiliária. Esses temas compõem uma agenda socialista que não apenas desafia o status quo, mas também responde às demandas de uma cidade marcada pela segregação e pela violência social. Essa tentativa de suavizar o discurso revelou um problema maior na esquerda atual: a perda de seu papel como força transformadora e verdadeiramente antissistêmica.
Enquanto isso, figuras como Tarcísio de Freitas e Ricardo Nunes continuaram a promover uma política que favorece as elites e reprime os movimentos sociais. Como governador do estado e principal fiador da campanha de Nunes, Tarcísio de Freitas simboliza um conservadorismo disposto a reforçar as desigualdades, mantendo os interesses privados e da elite econômica acima do bem-estar coletivo. Esse cenário exigia de Boulos um enfrentamento claro e incisivo, uma exposição das alianças entre o governo estadual e a prefeitura, que perpetuam o modelo de São Paulo como uma cidade para poucos.
Além disso, a campanha de Boulos se recusou a confrontar de maneira incisiva a atuação deplorável de Pablo Marçal, que utilizou um discurso vazio e populista para desestabilizar a candidatura da esquerda. Ao evitar responder com firmeza a essas provocações, Boulos perdeu a oportunidade de contrastar a profundidade de um programa socialista com a superficialidade e o oportunismo de adversários como Marçal, que usam discursos de fácil apelo, mas sem compromissos reais com mudanças.
É urgente que a esquerda retome seu papel antissistêmico e reafirme a defesa intransigente do socialismo. A experiência desta campanha de Boulos reforça a necessidade de um programa claro e radical, sem concessões, para enfrentar o sistema de privilégios que define São Paulo. Para construir uma cidade justa e inclusiva, é preciso coragem para defender pautas socialistas, sem se dobrar ao pragmatismo eleitoral que dilui a essência de uma candidatura verdadeiramente popular.
Acreditamos que o socialismo é o caminho, pois somente ele pode oferecer uma resposta concreta e estrutural à desigualdade que permeia a cidade. Defender o socialismo não é apenas uma questão ideológica, mas um compromisso com o futuro de São Paulo e com a construção de uma sociedade justa. Frente a figuras como Tarcísio, Nunes e Marçal, reafirmamos a importância de uma esquerda que se mantenha firme, sem concessões, e que lute pela transformação social necessária para um futuro digno e igualitário para todos.