O primeiro jornal dos Panteras Negras
O periódio foi lançado em 1967 na cidade californiana de Oakland
Foto: David Fenton/Reprodução
Em 25 de abril de 1967 foi lançado o primeiro número do The Black Panther (“O Pantera Negra”), periódico do Partido dos Panteras Negras para a Autodefesa, com o subtítulo “Serviço de Notícias da Comunidade Negra”. A partir do ramo de Emeryville, da cidade californiana de Oakland, a primeira edição do jornal mimeografado apresentava a manchete “Por que Denzil Dowell foi morto”.
Denzil era um residente afro-americano de North Richmond, Califórnia, que foi baleado e morto por um oficial do Departamento do Xerife do Condado de Contra Costa. O assassinato levou a uma manifestação organizada pelos Panteras Negras e, durante o ato, 15 membros armados do partido protestaram contra a brutalidade policial. Esse evento ajudou a colocar os Panteras Negras em destaque nacional, além de fornecer conteúdo para a primeira edição do jornal do partido
O Partido dos Panteras Negras começou em 1966, após os cofundadores Huey Newton e Bobby Seale se conhecerem no Merritt College. O jornal do partido foi lançado em 1967 como um boletim informativo de quatro páginase, a partir de 1969, o partido criou programas sociais, incluindo o Programa de Café da Manhã Grátis para Crianças, programas educacionais e clínicas de saúde comunitárias. O Partido dos Panteras Negras defendia a luta de classes, alegando representar a vanguarda proletária racializada e oprimida nos Estados Unidos.
Em 1969, o diretor do FBI J. Edgar Hoover descreveu os Panteras Negras como “a maior ameaça à segurança interna do país” e o FBI sabotou o partido por meio de um programa de contrainteligência ilegal e secreto, utilizando vigilância, infiltração, perjúrio e assédio policial, com o objetivo de minar e criminalizar o partido. O FBI também esteve ligado aos assassinatos de Fred Hampton e Mark Clark em 1969, mortos em uma operação da Polícia de Chicago.
Membros dos Panteras Negras estiveram envolvidos em vários confrontos com a polícia. Em 1967, Huey Newton foi acusado de matar o policial John Frey, e, em 1968, Eldridge Cleaver (Ministro da Informação do partido) supostamente liderou uma emboscada contra policiais de Oakland, que resultou em dois oficiais feridos e na morte de Bobby Hutton, tesoureiro dos Panteras.
A perseguição governamental aconteceu durante o crescimento do Partido entre afro-americanos e a esquerda política, que viam o grupo como uma força poderosa contra a segregação racial e o alistamento militar obrigatório durante a Guerra do Vietnã. A filiação ao partido atingiu seu pico em 1970, mas declinou gradualmente na década seguinte devido à difamação pela grande mídia e conflitos internos, em grande parte fomentados pelo FBI.
Os Panteras Negras também impulsionaram a Rainbow Coalition (Coalizão Arco-Íris), uma aliança multirracial da classe trabalhadora formada em Chicago e composta por diversas organizações políticas dos Estados Unidos, incluindo principalmente afro-americanos e ex-membros de movimentos latinos. Entre seus membros estavam José Cha Cha Jiménez e os Young Lords (jovens imigrantes porto-riquenhos), além dos Young Patriots Organization (Organização dos Jovens Patriotas), formada por jovens brancos pobres.
Até os dias de hoje, os Panteras Negras são uma grande referência da luta antirracista e seu legado é parte da memória dos setores combativos anticapitalistas em todo mundo. Confira abaixo o original do primeiro jornal: