Braga Netto na prisão. Está chegando a hora de Bolsonaro
A luta pela prisão de Bolsonaro está na ordem do dia em um movimento que pode se ampliar
Foto: General Braga Netto (Tania Rego/Agência Brasil)
Os festejos de final de ano foram antecipados quando milhões de ativistas brindaram à notícia mais relevante de dezembro: a prisão de Braga Netto.
Fruto de uma competente operação da PF, comandada diretamente por Alexandre de Moraes, a prisão de Braga Netto foi um feito político e histórico. Pela primeira vez, um general de quatro estrelas vai para trás das grades- ainda que com inúmeros privilégios. Apenas canalhas do círculo mais restrito de Bolsonaro, como Mourão e Pazuello, levantaram a voz para defender o preso. Do ponto de vista político, inibe politicamente o setor golpista, coloca no horizonte a detenção de Bolsonaro e reaviva o clamor popular do “Sem Anistia”.
Diante de um complexo quadro político, onde Lula se recupera do procedimento cirúrgico, as chantagens do mercado e do Centrão e as votações do pacote antipopular, a prisão de Braga Netto orienta as tarefas para a próxima quadra política.
Bolsonaro deve ser preso em 2025
Nenhuma determinação política sobre os rumos do Brasil para as próximas eleições é mais importante que a prisão de Bolsonaro. Por agora inelegível, mas com capacidade operacional, Bolsonaro segue buscando organizar seus apoiadores para retomar o poder e aplicar o seu plano ultraliberal. Animado pela vitória de Trump, sua estratégia eleitoral foi arriscada e eclética: apoiou figuras populistas de direita como Melo e Nunes, buscou fortalecer o PL e criar força própria. O resultado, como já discutimos em outros artigos, ficou aquém. A disputa no campo da extrema direita e setores próximos ficou mais “povoada”, com novos atores como o outsider Marçal, o equilíbrio da ala mais à direita do chamado Centrão, lideranças regionais como Ratinho Jr, a disputa pelo agro com Caiado e sobretudo, pela vitória incontestável na dupla Kassab-Tarcísio no território paulista.
O fracasso e o improviso dos golpistas- seja no plano revelado seja no atentado fracassado do catarinense ligado ao PL, Francisco Wanderley “Tiu”- trouxeram mais preocupações acerca da hegemonia do campo da oposição de direita no Brasil. A desorganização do bolsonarismo – que segue resiliente e “popular” – acaba gerando uma disputa no seio de quem vai herdar seus votos e projetos. Pode estar se abrindo uma luta fratricida nesse campo ao longo de 2025.
A concretização da prisão de Bolsonaro, que ficou mais próxima agora com a prisão do seu antigo vice, é parte fundamental da luta mais ampla contra a anistia, pela defesa dos parâmetros democráticos no país e para colocar a extrema direita na defensiva. Essa é uma tarefa inadiável do movimento de massas para lutar por uma inflexão na relação de forças.
A questão militar e a militarização da política
A prisão de um militar de alta patente abre outras discussões importantes. A falta de uma justiça de transição, como a que houve no Chile e na Argentina, é uma das bases do peso da extrema direita na caserna e na sociedade.
De um lado, é uma oportunidade de se apoiar no chamado massivo “Sem Anistia” para acertar contas, prender golpistas e financiadores civis e defenestrar os setores militares. É todo um programa a ser defendido.
De outra parte, há uma enorme militarização da vida social, com São Paulo como laboratório, onde Derrite promove e estimula a impunidade da PM em casos crescentes de violência policial, como nos recentes escândalos resultantes de assassinatos de jovens negros a sangre frio pela polícia paulista. Isso se estende na militarização das escolas, outro carro-chefe do projeto de Tarcísio.
Denunciar a escalada de violência policial, lutando por medidas efetivas como a utilização de câmeras nos uniformes dos PMs e um plano alternativo que dê conta da segurança pública, mobilizando a sociedade, os direitos humanos e ganhando as baixas patentes da PM, é uma medida urgente.
Como também é urgente discutir a demissão de Múcio do governo, como protetor de setores golpistas e representante dos interesses do genocídio sionista, no caso da indústria de armas que foi vetada pela orientação de Celso Amorin e do Itamaraty.
A resposta do movimento de massas e nossas tarefas
Apesar da ofensiva de um setor da superestrutura jurídica e política, liderados por Moraes e apoiado pela Globo, contra o golpismo bolsonarista, as manifestações que foram convocadas pelas “frentes” foram esvaziadas. O ato do dia 10 de dezembro foi tão fraco quanto às convocatórias do 1 de maio, praticamente protocolares, sem impacto e reduzido a setores da militância dos partidos de esquerda e centro-esquerda.
Isso demonstra a apatia do movimento de massas e a impotência das direções que, burocratizadas e distantes das bases, não conseguem sequer mobilizar seus correligionários mais próximos. Esse é um problema importante para a luta social no Brasil. Reverter esse quadro e colocar a campanha “Sem Anistia” na boca de milhões é central para o conjunto da luta democrática no próximo semestre.
Da nossa parte, realizamos uma agitação com cartazes de rua e nas redes (usando o exemplo do PSOL no Rio Grande do Sul) com as palavras-de-ordem de prisão para Bolsonaro e os golpistas.
Também apostamos na continuidade da campanha contra a escala 6×1 que vem crescendo nos locais de trabalho.
E apontamos a necessidade da luta contra o pacote de maldades que foi votado no Congresso Nacional, onde organizamos um manifesto contrário e nossos parlamentares vem fazendo a boa luta contra essas medidas, com a bancada do PSOL como um todo votando de forma contrária. A orientação econômica do governo, não apenas no pacote, é social-liberal e antipovo, como estamos vendo nas ações do futuro presidente do BC, indicado por Lula, Gabriel Galípolo, que aposta em aumentar juros, atentando contra os interesses da maioria social.