‘Desumano’: Rússia destroi instalações de energia da Ucrânia durante o Natal
Ataque com mais de 170 drones e mísseis atingiu país durante rigoroso inverno
Foto: @zelenskyy via Fotos Públicas
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, denunciou nesta quarta-feira (25) a brutalidade de um ataque russo com mísseis e drones contra instalações de energia em um momento profundamente simbólico: o Natal, celebrado pelo país nesta data pela segunda vez em sua história moderna.
O ataque, que atingiu o sistema energético ucraniano em meio ao inverno rigoroso, é um exemplo cruel da estratégia de Moscou de causar sofrimento em massa à população civil. Alarmes antiaéreos soaram às 5h30 locais (0h30 de Brasília), e, pouco depois, a Força Aérea da Ucrânia informou que a Rússia lançou mísseis de cruzeiro Kalibr a partir do Mar Negro.
“Putin escolheu deliberadamente o dia de Natal para atacar. O que poderia ser mais desumano?”, questionou Zelensky, destacando o lançamento de mais de 70 mísseis, incluindo balísticos, e mais de 100 drones de ataque. “O alvo é nosso sistema de energia”, afirmou.
Os ataques causaram mortes e feridos: uma pessoa morreu e seis ficaram feridas, de acordo com as autoridades. Em Kharkiv, a segunda maior cidade ucraniana, “pelo menos sete bombardeios” foram registrados, enquanto a região de Dnipropetrovsk também foi duramente atingida, com uma morte confirmada. Em outras regiões, milhões ficaram sem energia elétrica, agravando as dificuldades de um inverno já severo.
O chefe da diplomacia ucraniana, Andrii Sibiga, enfatizou que os mísseis russos não apenas ameaçam a Ucrânia, mas também a segurança regional. Um deles passou pelo espaço aéreo da Moldávia e da Romênia, segundo relatos. Contudo, a Romênia negou que algum projétil tenha adentrado seu território.
Essa foi a 13ª onda de ataques em larga escala contra a infraestrutura energética ucraniana em 2023, revelando uma campanha sistemática da Rússia para desestabilizar o país no auge do inverno. Maxim Timchenko, diretor-geral da empresa de energia DTEK, classificou o ataque como um “ato depravado e maligno”. Ele apelou aos aliados de Kiev por mais recursos de defesa, alertando que privar milhões de luz e calor em uma data como o Natal expõe a natureza imoral do governo russo.
A ofensiva russa coincide com um período crítico para a Ucrânia, que enfrenta não apenas a destruição de sua infraestrutura, mas também as consequências humanas e psicológicas de um conflito prolongado. O simbolismo da data é ainda mais marcante porque, em 2023, a Ucrânia oficializou a celebração do Natal em 25 de dezembro, alinhando-se às tradições ocidentais como um gesto de desafio ao domínio cultural russo.
O ministro da Energia ucraniano, German Galushchenko, alertou para os danos significativos ao sistema elétrico e para cortes no abastecimento em várias regiões. As autoridades trabalham para minimizar os efeitos negativos, mas a devastação causada pelos ataques é profunda.
A covardia do Kremlin em escolher um dia sagrado e um momento de fragilidade climática para atacar sublinha a falta de escrúpulos em sua estratégia de guerra. Mesmo diante de uma guerra impiedosa, a resiliência do povo ucraniano persiste, enquanto o mundo assiste com indignação ao sofrimento causado por um regime que parece alheio à humanidade.