Não à perseguição na bancada parlamentar do PSOL
David Deccache, assessor econômico da bancada do PSOL na Câmara dos Deputados, é demitido sem direito a defesa por suas opiniões críticas à política econômica do governo
Foto: David Deccache. (Reprodução)
Hoje algo muito grave aconteceu: foi demitido da assessoria parlamentar do PSOL na Câmara dos Deputados o companheiro David Deccache, um dos mais importantes economistas marxistas do Brasil. A maioria da bancada do PSOL decidiu por 8 votos a 5 a demissão por divergências políticas. Votaram contra a demissão os deputados Chico Alencar, Fernanda Melchionna, Glauber Braga, Luiza Erundina e Sâmia Bomfim. Votaram a favor da demissão: Guilherme Boulos, Luciene Cavalcante, Henrique Vieira, Talíria Petrone, Erika Hilton, Célia Xakriabá, Tarcísio Motta e Ivan Valente.
Prestamos nossa solidariedade ao companheiro David. Registra-se que se trata de uma demissão de um assessor altamente qualificado e referência no debate econômico, reconhecido publicamente por sua atuação em diversos meios progressistas e também pela mídia tradicional. Sendo procurado como fonte de veículos como Brasil de Fato, TV Fórum, Estadão, Folha de S. Paulo, Intercept Brasil, Outras Palavras, entre outros, consolidando-se como uma voz importante no cenário político e econômico.
Cabe registrar que a bancada, assim como o partido, tem como base de funcionamento a proporcionalidade e o direito à minoria, como previsto em estatuto. Esses princípios estão sendo violados com essa demissão e com o veto a que o campo de esquerda do partido ocupe a liderança por um ano, conforme nosso direito.
A situação torna-se ainda mais grave pelo fato de a demissão ter ocorrido sem que o companheiro tivesse direito à defesa. Além disso, ela se deu após David ter sido alvo de perseguição e exposição no ambiente de trabalho, tendo ele próprio trazido o tema à tona publicamente. Em vez de seguir procedimentos internos adequados, o denunciante foi penalizado, reproduzindo uma prática comum no mundo do trabalho que o PSOL sempre buscou combater.
Esse episódio não é isolado. Reflete a política do setor majoritário do partido, dirigido por Guilherme Boulos, que combina adesão ao governismo com autoritarismo. A demissão tem como pano de fundo o posicionamento firme da minoria contra a retirada de direitos, como o arcabouço fiscal e o pacote de cortes de gastos, defendendo uma política de combate à extrema direita com independência política.