Prisões arbitrárias de Israel ameaçam a vida de outro jovem brasileiro
Após Walid Ahmad morrer de desnutrição em prisão israelense, seu primo Salah, também brasileiro e menor de idade, segue encarcerado, e sem julgamento, sob acusações forjadas
Foto; Acervo Pessoal/Reprodução
As prisões arbitrárias promovidas por Israel na Palestina ocupada fizeram mais uma vítima fatal: Walid Ahmad, adolescente brasileiro de 17 anos, morreu na prisão de Ofer após sofrer desnutrição prolongada, segundo denúncia da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal). Seu primo, Salah Al-Din Yasser Hamad, também brasileiro e da mesma idade, permanece encarcerado desde 18 de novembro na mesma unidade, sem julgamento e enfrentando 21 acusações que sua família classifica como falsas.
Conforme reportagem do portal Brasil de Fato, entre as acusações imputadas a Salah estão a fabricação de armas caseiras, coquetéis molotov, arremesso de pedras contra soldados e planejamento de ataques a militares israelenses e colonos – alegações que, para seus pais, servem como pretextos para manter adolescentes palestinos presos em condições desumanas.
Um colega de cela de Salah, que foi libertado pouco após a morte de Walid, relatou à mãe do jovem brasileiro, Nadia Yasser Hamad, a profunda tristeza do filho ao descobrir o destino cruel de seu primo dentro da prisão. Com base nesse testemunho, o advogado da família conseguiu uma autorização para que Nadia visitasse Salah, informou a Fepal em comunicado.
A situação de Salah evidencia o risco real de que ele sofra o mesmo destino que Walid.
“Salah é um brasileiro e menor de idade, além de ser inocente. O governo brasileiro precisa pressionar para que ele não seja maltratado e não sofra o mesmo destino que Walid”, apelou sua mãe, Nadia, à Fepal.
O pai do adolescente, Yasser Salah Hamad, também denunciou a arbitrariedade da prisão do filho:
“Eu disse ao comandante que não havia razão nenhuma para o meu filho ser preso, pois não havia nenhuma perturbação por parte da população local há dois anos. Os meninos não participavam de nenhuma manifestação, não atiravam pedras em ninguém. Sabiam que a repressão havia aumentado e qualquer coisa seria usada como desculpa para prendê-los”, afirmou.
A última vez que a família conseguiu ver Salah foi em 24 de fevereiro, quando seu pai o visitou na prisão. A cena foi devastadora. “Eu não o reconheci. Foi Salah quem veio ao meu encontro, porque eu não conseguia identificá-lo. Ele nunca teve barba, pois é muito novo, mas estava com uma barba enorme e muito magro, desnutrido”, relatou o pai.
O caso reacende a urgência de se denunciar, em âmbito internacional, as práticas sistemáticas de repressão e abusos cometidos por Israel contra adolescentes palestinos, incluindo cidadãos brasileiros, que são mantidos atrás das grades sob acusações forjadas e em condições que colocam em risco suas vidas.