Extrema direita tenta avançar com pautas golpistas na ausência de lideranças do Congresso
Com presidentes da Câmara e do Senado em viagem, oposição bolsonarista articula CPMI contra o governo e retoma ofensiva pela anistia aos golpistas do 8 de janeiro
Foto: Joedson Alves/Agencia Brasil
Enquanto os presidentes da Câmara e do Senado cumprem agendas no exterior, a extrema direita no Congresso Nacional aproveita o vácuo de poder para tentar emplacar pautas contra o governo federal e os avanços democráticos do país. Com Hugo Motta (Republicanos-PB) nos Estados Unidos e Davi Alcolumbre (União-AP) na China, a oposição conservadora intensificou sua articulação em torno de duas frentes: a abertura de uma nova CPMI e a anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro.
A primeira ofensiva visa instalar uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar supostas fraudes no INSS, numa tentativa de desgastar o governo e alimentar uma narrativa de caos na gestão pública. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF), conhecida por sua atuação ideológica e alinhamento bolsonarista, lidera a coleta de assinaturas. Até a última sexta-feira (9), o requerimento já havia atingido o número mínimo de apoios: 34 senadores e 218 deputados. A previsão é que o pedido seja protocolado nesta segunda-feira (12).
Nos bastidores, parlamentares governistas alertam que a iniciativa não se trata de uma apuração legítima, mas de mais uma ferramenta de enfrentamento político contra um governo que busca reconstruir políticas públicas desmontadas durante a gestão anterior.
A ofensiva da oposição de direita também passa por outro tema sensível: a tentativa de aprovar um projeto de lei que anistia os golpistas condenados pelos ataques à democracia em 8 de janeiro de 2023. A proposta, protocolada pelo Partido Liberal com apoio de 264 deputados, representa um claro retrocesso e afronta ao Estado Democrático de Direito. Após um recuo da presidência da Câmara no dia 24 de abril, os aliados da extrema direita voltaram a pressionar para acelerar a tramitação do texto.
Além disso, o grupo conservador recebeu com entusiasmo o gesto da presidência da Câmara ao encaminhar o pedido de suspensão da ação penal contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), acusado de envolvimento em planos golpistas, demonstrando que, mesmo sem avançar formalmente, a pauta autoritária segue em movimento.
Diante desses ataques à democracia, setores progressistas e populares reforçam o alerta: é preciso vigilância constante para impedir que a pauta golpista avance nos corredores do Congresso sob disfarces institucionais.