Investigação confirma denúncias de Robaina sobre corrupção na gestão Melo
Polícia Civil corrobora denúncias feitas pelo vereador do PSOL sobre esquema de corrupção na Secretaria Municipal de Educação; CPI foi sabotada por vereadores aliados do prefeito
Foto: Câmara Municipal de Porto Alegre/Divulgação
As investigações da Polícia Civil sobre corrupção na Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre (Smed) confirmam aquilo que o vereador Roberto Robaina (PSOL) vem denunciando desde 2023: a existência de um esquema de desvio de recursos públicos envolvendo figuras centrais do governo do prefeito Sebastião Melo (MDB). Nesta quinta-feira (8), 24 pessoas foram indiciadas pelos supostos crimes de organização criminosa e frustração do caráter competitivo de licitação em compras realizadas em 2022. Entre os investigados, estão a ex-secretária da Educação Sônia da Rosa, o empresário Jailson Ferreira da Silva, e os ex-vereadores Alexandre Bobadra (PL), e Pablo Melo (MDB) – filho do prefeito Sebastião Melo.
Robaina foi o autor das denúncias que deram origem à CPI da Smed na Câmara Municipal, onde atuou como relator. Mesmo diante de graves indícios e testemunhos comprometendo a gestão da secretaria, a comissão enfrentou forte obstrução dos vereadores da base do governo, que atuaram sistematicamente para blindar o Executivo e impedir o aprofundamento das investigações.
“O que estamos vendo agora é a confirmação do que já vínhamos dizendo. Por isso eu afirmava que a corrupção fazia parte do núcleo do governo”, declarou Robaina após a revelação de que o próprio filho do prefeito, além do vereador Alexandre Bobadra, se reuniram com Jaílson Barbosa, operador central do esquema.
Jaílson, que era homem de confiança dentro da Smed e já havia sido apontado em denúncias anteriores, agora aparece no centro da investigação da Polícia Civil. As reuniões com aliados próximos do prefeito deixam evidente que o caso ultrapassa os limites da secretaria e alcança o alto escalão da administração municipal.
Para Robaina, o desmonte da CPI foi uma manobra deliberada para evitar que as conexões políticas do esquema fossem reveladas.
“A CPI poderia ter avançado muito mais se não tivesse sido sabotada. Vereadores da base agiram para impedir a responsabilização de agentes públicos. Agora, com a investigação da Polícia Civil, fica impossível esconder o que já era escancarado.”
O escândalo na Smed ocorre em meio a cortes no orçamento da educação, precarização do ensino público e terceirizações suspeitas, o que reforça a urgência de uma resposta institucional séria. Para o PSOL, é fundamental que o prefeito Sebastião Melo se responsabilize politicamente pelo que ocorreu dentro de sua gestão.
A confirmação das denúncias expõe mais uma vez os limites da privatização e da terceirização de serviços públicos, abrindo brechas para corrupção e favorecimento político. A luta por educação pública, transparente e de qualidade passa necessariamente pela responsabilização dos envolvidos – e pela vigilância ativa da sociedade.