Rompimento com Israel já: atos no dia 15 de junho denunciam cumplicidade com o genocídio
Confira os horários e locais das manifestações em defesa da Palestina por todo país!
Vivemos um momento de urgência histórica. O genocídio em curso na Faixa de Gaza já ultrapassa 600 dias e foi reconhecido por instâncias internacionais, organizações de direitos humanos e pelo próprio presidente Lula. Porém, enquanto o governo reconhece o genocídio em discursos, mantém acordos e relações com o regime israelense, sustentando na prática um regime de extermínio do povo palestino.
Na última quarta-feira (11), cerca de 20 parlamentares se reuniram com Celso Amorim, assessor especial da Presidência, para exigir o rompimento das relações com o regime sionista. Embora o governo reconheça o genocídio, classificou o rompimento como um tema “complexo”. Mas não há nada de complexo quando há um genocídio em curso. O Brasil deve cumprir sua obrigação moral e legal de agir diante da decisão da Corte Internacional de Justiça, que alerta os países a interromper qualquer apoio material, político ou econômico ao Estado que comete genocídio. Permanecer inerte é tornar-se cúmplice.
Apesar das falas duras contra os crimes em Gaza, o Brasil segue sendo um parceiro estratégico de Israel. Essa parceria se sustenta por múltiplos canais. A começar pelos acordos militares. O Brasil compra armamentos, sistemas de vigilância e tecnologias de repressão produzidas por empresas israelenses, muitas delas testadas diretamente sobre a população palestina. Entre eles estão mísseis, drones, a modernização de caças e a compra de fuzis israelenses por polícias estaduais. O Exército chegou a planejar a compra de obuseiros da empresa Elbit Systems, mas o contrato foi suspenso após pressão de uma campanha organizada pela sociedade civil.
Outro elo grave dessa cumplicidade é o energético. Dados recentes confirmam que o Brasil foi fornecedor de petróleo bruto para Israel nos últimos anos. Investigação da ONG Oil Change International, juntamente com dados levantados pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) e pela Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), aponta que empresas como Shell e TotalEnergies facilitaram o fornecimento do petróleo brasileiro que foi exportado para Israel — embora a Petrobras negue vendas diretas. Empresas e governos que abastecem Israel devem ser responsabilizados, e o Brasil precisa romper com essa cadeia de abastecimento.
Além disso, o tratado de livre comércio entre Mercosul e Israel, em vigor desde 2010, segue operando como se nada estivesse acontecendo. Ele facilita o fluxo de produtos e investimentos, inclusive com empresas que participam da ocupação e colonização da Palestina. Essa relação comercial, além de injusta moralmente, é economicamente desfavorável. Desde 1997, o Brasil acumula prejuízos na balança com Israel, mesmo assim, tornou-se, em 2024, o maior parceiro comercial israelense na América Latina. Isso revela uma contradição grave entre o discurso de direitos humanos e a prática diplomática e econômica do governo brasileiro.
Enquanto o governo hesita, a sociedade civil brasileira tem dado exemplos concretos de solidariedade. O ativista Thiago Ávila foi sequestrado por Israel ao tentar levar ajuda humanitária a Gaza na Flotilha da Liberdade e foi deportado após ficar detido ilegalmente por 4 dias. Uma delegação brasileira também participará da Marcha Global para Gaza, uma mobilização internacional pacífica que busca denunciar violações de direitos humanos por meio de uma caminhada até a fronteira egípcia. Além disso, mais de 14 mil brasileiras e brasileiros — entre eles estão figuras públicas como Chico Buarque e Ney Matogrosso — assinaram uma carta exigindo sanções imediatas.
Diversos países já tomaram medidas concretas. Reino Unido, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Noruega anunciaram sanções contra ministros israelenses envolvidos em incitação ao ódio e crimes de guerra. África do Sul, Colômbia e Malásia adotaram sanções econômicas e diplomáticas. O Brasil, se quiser manter alguma coerência com sua tradição diplomática, precisa agir.
O povo palestino, por meio do movimento BDS — Boicote, Desinvestimento e Sanções —, faz um chamado claro: interromper toda cooperação com o regime israelense. Não se trata apenas de opinião política, mas de ações concretas para interromper a cumplicidade com a violação sistemática do direito internacional. É o mínimo diante da barbárie.
Neste 15 de junho, tomaremos as ruas em todo o país para exigir o fim da cumplicidade. O genocídio não espera.
Atos em todo o Brasil:
DIA 13 DE JUNHO
Bahia (BA)
Ilhéus, às 16h – Sindicato dos Bancários de Ilhéus
Rio Grande do Norte (RN)
Natal, às 16h30 – Em frente ao Midway Mall
DIA 14 DE JUNHO
Bahia (BA)
Ilhéus, às 16h – Saindo do Banana’s Hostel
Pernambuco (PE)
Recife, às 9h – Concentração no Derby
São Paulo (SP)
Ribeirão Preto, às 9h30 – Esquina Democrática
DIA 15 DE JUNHO
Ceará (CE)
Fortaleza, às 15h – Centro Cultural Belchior
Goiás (GO)
Goiânia, às 17h – Praça Universitária
Minas Gerais (MG)
Belo Horizonte, às 11h (concentração) e 12h30 (Arrastão de Maracatu) – Praça Afonso Arinos
Paraná (PR)
Curitiba, às 10h – Ruínas de São Francisco
Rio de Janeiro (RJ)
Rio de Janeiro, às 11h – Escadaria Selarón (Lapa)
Rio de Janeiro, às 16h – Santa Teresa
Rio Grande do Sul (RS)
Porto Alegre, às 11h – Arcos da Redenção
Rio Grande, às 15h – Estátua Leão Marinho, em frente ao Guanabara do Cassino
Roraima (RR)
Boa Vista, às 16h – Praça Germano Sampaio
São Paulo (SP)
São Paulo, às 11h – Praça Roosevelt