Megaevento do iFood é marcado por protestos contra a escravidão moderna
Mobilização de entregadores reivindicou remuneração digna em evento corporativo com ingressos a mais de R$1 mil reais
Foto: Protesto de entregadores durante evento do iFood. (Breque Nacional/Reprodução)
Entregadores de aplicativo fizeram um protesto na última terça-feira (5) em frente ao São Paulo Expo, na zona sul, onde acontece o iFood Move. O megaevento, que se estende até quarta-feira (6), teve seus 12 mil ingressos esgotados, com valor de aproximadamente R$1,3 mil por dia no último lote. Noticiado como o maior evento de restaurantes da América Latina, o iFood Move foi um espetáculo para captação de recursos, reunindo executivos e celebridades, tais como Usain Bolt, Hugo Calderano, Boninho e Galvão Bueno.
A imprensa noticiou a participação de aproximadamente cem manifestantes. Além de protestar com palavras de ordem, faixas e cartazes, os entregadores fizeram um churrasco na portsea do evento ao longo do dia e uma intervenção com camisetas do iFood sendo queimadas.
Reivindicações principais
Uma grande faixa dizia “iFood Move escravidão e mortes!”, além de cartazes com as reivindicações “Sub praça é escravidão. R$ 3,50 não é a mínima. A mínima é R$7,50. Não seja escravo do iFood.”
Os entregadores reivindicam a aprovação do projeto de lei 2479/2025, escrito por eles no Comando Nacional do Breque dos APPs e apresentado pelo PSOL na Câmara dos Deputados.
Historicamente, os entregadores de aplicativo têm reivindicado o aumento da taxa mínima e o aumento da taxa por quilômetro. No último breque, o movimento manteve a reivindicação de aumento da taxa mínima para R$10, uma vez que os valores de R$6,50 para ciclistas e R$7,00 para motociclistas estava sem reajuste há anos. A empresa-aplicativo, porém, aumentou apenas R$0,50 para entrega por bicicleta e R$1,00 por moto, o que foi denúciado à época como esmola.
Além do aumento das taxas, a categoria também reivindica o fim da modalidade subpraça, implementada em cidades como Curitiba, Recife e Campinas. Neste modelo, o entregador agenda um horário previamente para trabalhar e recebe com valores variáveis de acordo com a taxa mínima e a taxa por entrega. No entanto, a taxa mínima para a modalidade subpraça é R$3,50, metade do valor mínimo para um entregador “nuvem”. Assim, os trabalhadores denunciam que a empresa, operando de maneira obscura através dos algoritmos, prioriza a distribuição de pedidos aos subpraças em detrimento dos “nuvem”, como uma forma de precarizar e reduzir ainda mais o valor da força de trabalho.