Extrema direita avança contra mandato da vereadora Professora Ângela
Parlamentar é alvo de processo de Comissão Processante após promover política de saúde reconhecida mundialmente
Foto: Felipe Roehrig/Divulgação
A ofensiva da extrema direita em Curitiba ganhou novo capítulo com a criação de uma Comissão Processante contra a vereadora Professora Ângela (PSOL), na última semana. A parlamentar é acusada de “apologia às drogas” por apresentar material informativo sobre redução de danos em audiência pública.
Ângela, primeira vereadora eleita pelo PSOL na capital paranaense, foi notificada via edital na última sexta-feira (5) e terá prazo de 90 dias para apresentar sua defesa. A comissão é formada por vereadores de siglas de direita e centro-direita, que têm se alinhado na perseguição ao mandato da parlamentar.
Apesar da pressão, a vereadora tem recebido amplo apoio político e social. O PSOL, por meio da Secretaria da Mulher e da deputada federal Sâmia Bomfim, reafirmou solidariedade ao mandato. Outros parlamentares progressistas também manifestaram apoio, destacando que a criminalização do debate sobre drogas serve apenas para manter a lógica racista e repressiva da “guerra às drogas”.
“O que está em jogo não é só meu mandato, mas o direito de discutir políticas públicas sérias e baseadas em ciência”, tem afirmado Ângela.
Entenda o caso
A vereadora Professora Angela tornou-se alvo de uma ofensiva da extrema direita após uma audiência pública que discutiu segurança, saúde e política de drogas, no dia 5 de agosto. Na ocasião, foi distribuído o fanzine “Apologia ao Cuidado”, material informativo sobre Redução de Danos, reconhecida mundialmente como política de saúde pública. Por ignorância ou má-fé, o vereador Da Costa (União) armou um escândalo no evento, gravando vídeos acusando o conteúdo de “apologia às drogas”. Ele ainda distribuiu trechos fora de contexto aos colegas da Câmara Municipal, incitando ameaças de cassação.
Em entrevista à Esquerda em Movimento, Angela classificou a ação como perseguição política:
“A tentativa de criminalizar o debate não é um ataque só ao meu mandato, mas a todos que acreditam em uma nova política de drogas – antirracista, antiproibicionista, baseada no cuidado e na autonomia”.
A vereadora denuncia que o caso reflete a estratégia da extrema direita de desinformar e silenciar vozes críticas. Enquanto enfrenta a sindicância aberta pela Corregedoria, Angela mobiliza apoio popular e de movimentos sociais.
“Eu nunca estive tão próxima da cassação, mas também nunca vi tanta solidariedade diante de tamanho absurdo”, afirmou.