O 11 de setembro de nossa esperança – a prisão (finalmente) decretada do genocida Bolsonaro

O 11 de setembro de nossa esperança – a prisão (finalmente) decretada do genocida Bolsonaro

A condenação de Jair Bolsonaro e todo núcleo duro do golpismo é uma vitória democrática, que deve ser comemorada com a “guarda alta”

Israel Dutra 12 set 2025, 16:47

O 11 de setembro de 2025 foi motivo de celebração para a ampla maioria do povo brasileiro. Ao contrário do 11 de setembro chileno, onde os fascistas interditaram um processo de mudanças populares, pela primeira vez na história do país, uma cúpula de golpistas e genocidas foi condenada em tribunal. O julgamento que termina nesta sexta, já instalada uma ampla maioria de 4×1, determinou a pena de 27 anos e 3 meses de prisão. Punido por golpe de estado e mais 3 crimes, Bolsonaro está condenado e deverá ser preso. 7 de seus aliados também foram.

As respostas foram imediatas. De um lado alívio popular e celebração, de outro, reação da extrema direita, ameaças reiteradas dos Estados Unidos e a articulação da pauta parlamentar da anistia. A defesa da anistia ampla, geral e irrestrita tornou-se, não é demais lembrar, o elemento de coesão e unidade de ação da extrema direita no Brasil, em que pese sua linha errática quanto ao tarifaço de Trump.

A vitória democrática com a condenação e provável prisão de Bolsonaro e o núcleo duro golpista acelera e agudiza a conjuntura, isto é, nem Trump e nem a ultra-direita dar-se-ão por satisfeitos com o resultado do tribunal. Será necessário respondê-los com mobilização social, sem baixar a guarda ou confiar plenamente nossas tarefas às instituições democráticas burguesas.

Comemorar é justo e necessário

Bolsonaro condenado por golpe de estado é uma vitória democrática de todo povo. Mas é uma vitória daqueles que combateram, que tiveram perdas, que foram torturados por facínoras como Ustra, ao qual o genocida Jair sempre fez questão de reverenciar. Bolsonaro é também um entulho da ditadura militar, cujo fim no Brasil não resultou em uma justiça de transição.

Julgado e condenado, Bolsonaro precisa ser preso e desmoralizado. Ainda não está respondendo pelos crimes cometidos na pandemia, onde sua irresponsabilidade incidiu como fator na morte de centenas de milhares de brasileiros.

Além de Bolsonaro, já preso preventivamente, condenou-se também a cúpula militar e civil que fez parte do seu governo e foi artífice dos planos golpistas: Almir Garnier, Augusto Heleno, Braga Netto, Alexandre Ramagem, Anderson Torres, Paulo Sérgio Nogueira e o delator Mauro Cid.

Por essas e por outras que temos todo o direito de comemorar e fazer, bem ao estilo do povo brasileiro, de forma combativa, criativa e irreverente, um “sextou” que celebre essa conquista. Já se tem notícia, nas principais capitais do país, de blocos de carnaval fora de época convocados para comemorar a condenação de Bolsonaro, sinal de força e consciência social contra a extrema direita. `

Pé no chão, pé na rua: sem anistia!

É preciso, contundo, manter a guarda alta. Outra batalha fundamental se inicia. É preciso ganhar a opinião pública para evitar a aprovação do projeto parlamentar de anistia, que vai mobilizar toda a canalha da extrema direita, pressionar o centrão, e terá como ator principal Tarcísio Freitas, numa antecipação de sua campanha eleitoral. Ele é o plano Milei da maioria da burguesia brasileira.

Rubio e os Estados Unidos estão dobrando a aposta, após o achaque tarifário e o patético ato de 7 de setembro com a bandeira dos Estados Unidos. Não se pode subestimar. A polarização mundial se agudiza, em Gaza, com a Flotilha, nos Estados Unidos, onde escala a violência após a morte de um verdugo da extrema direita e essas tensões terão ecos aqui. Nikolas Ferreira já busca associar-se ao atentado, estimulando tacitamente nas redes sociais a extrema direita a agir com métodos de violência.

O voto de Fux foi uma senha que deixou a porta aberta para uma pressão sobre a “negociação” do inegociável. Trata-se de uma sinalização de que os golpistas e a ação parlamentar da extrema direita em defesa da anistia não estão absolutamente isoladas nas instituições burguesas, senão relativamente isoladas. A palavra final contra a anistia, portanto, seguirá exigindo as mais amplas mobilizações sociais, sendo apenas o capítulo de uma luta permanente contra a extrema direita no Brasil e no mundo.

Passado, presente e futuro em jogo

A consolidação da condenação e prisão é também romper o círculo de repetição da impunidade que marcou nossa história recente – onde os militares não foram punidos pelos crimes da ditadura. A prisão de Bolsonaro e todos os apologistas da ditadura militar, ainda que sob circunstâncias que se combinam e se separam, também atende aos que lutam por verdade, memória e justiça.

Por outro lado, no presente, a extrema direita e a burguesia a ela associada buscará impor saídas, apresentando-se com Tarcísio e buscando inspiração na Via Milei à brasileira. Será necessário derrotá-lo, assim como garantir a cassação de Eduardo Bolsonaro, para construir um muro alto contra anistia aos golpistas.

No futuro é abrir caminho para um programa onde a questão da soberania- política, econômica, digital e social – possa ser realidade para ser uma alternativa em relação ao imperialismo agressivo, decadente, predatório e fascistizante.


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